O que gostaria que o seu filho ou filha fosse quando adulto? Campeão hípico? Bailarina? Cientista? Futebolista profissional? Violinista? Ator? É difícil saber quando ainda são pequenos, por isso talvez seja melhor deixar em aberto todas as opções deles, proporcionando-lhes aulas suplementares nos domínios em que revelem interesse. Assim, mais tarde não poderão atribuir-lhe culpas pelo próprio fracasso e por não terem tido acesso desde cedo a uma área que lhes interessava.

 

É evidente que isso vai dar origem a horários muito preenchidos. Futebol à segunda-feira, teatro à terça, clarinete à quarta – e a seguir natação. À quinta o ballet e à sexta a ginástica. E no fim de semana a equitação. E tudo isto só para um dos filhos. Quando se tem dois ou três, a vida torna-se complicada.

 

Mas, alto aí. Estamos a esquecer-nos de qualquer coisa. E que tal deixar as crianças brincar alegremente no jardim? E deixar que sejam elas próprias a descobrir o seu entretenimento? Em que bocadinho do seu horário semanal é que conseguem arranjar tempo para dar uma vista de olhos a uma banda desenhada, ou até mesmo para simplesmente ficarem um bocado a contemplar as nuvens, sem pensar em nada de especial? Tudo isto é muito importante para o seu desenvolvimento.

 

Conhece aquele tipo de crianças que têm uma vida completamente preenchida com aulas e mais lições disto e daquilo e mais atividades extracurriculares? Já alguma vez reparou no que acontece se lhes pedimos que se entretenham sozinhas durante uns dias? Imagine que vão de férias para um lugar lindo e tranquilo – para as montanhas, ou para a praia, ou para o campo. Sem quaisquer atividades previamente planeadas. Ficam sem saber como hão de divertir-se – nunca tiveram tempo para tal.

 

E isso vai criar-lhes problemas na fase adulta. Nunca conseguirão relaxar, porque ninguém lhes ensinou como se faz.

 

Não entre em pânico. Não estamos a sugerir-lhe que proíba os seus filhos de terem qualquer atividade extracurricular. Seria um disparate. Mas estamos a sugerir-lhe que as limite a, digamos, duas atividades por semana. E deixe que sejam eles a escolher quais. Não os obrigue a aprender a tocar violino só porque você aprendeu e adorou. Ou porque não aprendeu e gostaria de o ter feito. Se os seus filhos mostrarem vontade de ter uma outra atividade diferente, que abdiquem de uma das que já têm.

 

Lembra-se daqueles pais descontraídos, relaxados, da Regra 1? Quantos dos melhores pais que conhece levam os filhos a diferentes atividades quase todos os dias da semana? Nenhum. Deixam-nos praticar algumas atividades em que eles demonstram verdadeiro interesse e no resto do tempo permitem que os filhos se divirtam a fantasiar-se, ou a fazer puzzles, a sujar-se na lama, a construir coisas com pacotes de cereais vazios, a procurar bicharocos no quintal, a brincar com dinossáurios, a ler livros demasiado infantis para a sua idade e a fazer todas essas coisas que são próprias das crianças e que são boas para elas e as mantêm entretidas sem estarem sempre de volta dos pais.

 

Ideia-chave:

Sim, os seus filhos podem pôr de parte as aulas de ballet se as detestam, mesmo que o professor diga que têm muito talento.

 

 

Texto adaptado por Maria João Pratt

Fonte: 100 regras para educar o seu filho (2009), de Richard Templar - Editorial Presença

 

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