O mercado livreiro em Portugal registou uma quebra de edições e faturação entre 2009 e 2012, segundo dados diponibilizados hoje pela Associação Portuguesa de Livreiros (APEL).

 

Os dados são relativos ao período entre 2004 e 2012 e revelam uma redução de editoras e livrarias no mercado e quebras sucessivas no volume de negócio.

 

Em 2012, havia em Portugal 562 livrarias, menos 132 que em 2004, o "primeiro ano com dados", segundo a APEL. Em 2012 registaram-se 442 editoras, dados que revelam uma quebra no número destas empresas desde 2008, conclui o estudo "Comércio livreiro em Portual - Estado da Arte na segunda decada do século XXI".

 

O estudo hoje revelado, aponta ainda quebras nos volumes de negócios no mercado livreiro. No caso das editoras, a faturação registou depois de 2008, ano em que se atingiu um pico com 404 milhões de euros, uma queda contínua até 2012, em que situou nos 356 milhões de euros.

 

O volume de negócio nas empresas que têm a venda de livros como principal atividade, atingiu em 2009 os 145 milhões de euros, valor que caiu desde então até atingir em 2012 o seu valor mais baixo, 126 milhões de euros.

Portugal longe dos parceiros europeus

Estes dados afastam Portugal da média dos 27 países europeus em número de livrarias, afirma APEL. Entre 2008 e 2011, Portugal registou menos 9,1 por cento de empresas livreiras, enquanto na União Europeia o crescimento neste setor se situou nos 15 por cento.

 

O volume de negócios do conjunto das empresas portuguesas ligadas ao setor livreiro registou também uma variação negativa quando comparado com a média europeia, segundo a mesma fonte.

 

Os dados revelam que a oferta de novos títulos em papel é tendencialmente decrescente até 2012, mas os indicadores já disponíveis para 2013 "mostram alguns sinais de recuperação" da oferta, adianta a APEL.

 

A edição de e-books, que segundo o estudo registou "um forte crescimento" a partir de 2010, não chegou para compensar as quebras nas edições em papel.

 

A venda de livros, jornais e artigos de papelaria nas grandes superfícies registou em 2009 um pico, com 229 milhões de euros de faturação, verificando-se a partir desse ano uma quebra, com a faturação, em 2012, a situar-se nos 203 milhões de euros.

 

Segundo o estudo, a tendência de diminuição é mais vincada nas grandes superfícies não alimentares como a FNAC, do que nas alimentares (híper e supermercados).

 

O estudo alerta para, num contexto de crise económica e de grandes alterações no setor livreiro, a generalização de estratégias concorrenciais, como cartões de desconto e promoções, serem "suscetíveis de gerar disfuncionalidades no mercado", afetando sobretudo as livrarias independentes.

 

Por Lusa