Um relatório europeu sobre crianças na internet revelou hoje que os jovens entre os nove e os 16 anos passam em média 88 minutos por dia online e é lá que se sentem mais à-vontade para serem eles próprios.
O relatório UE Kids Online, a que a agência Lusa teve acesso, é da responsabilidade do Programa Internet Segura da Comissão Europeia e está a ser apresentado num seminário em Londres sobre “Crianças, riscos e segurança online: Investigação e desafios nas políticas numa perspetiva comparada”.
O documento é resultado de um ano de entrevistas presenciais a 25.142 crianças e respetivos pais oriundos de 25 países europeus, com o objetivo de perceber riscos e oportunidades da internet.
De acordo com as conclusões apresentadas, as crianças e jovens usam a internet individualmente e em média passam 88 minutos por dia online.
“49 por cento está online no seu quarto, 33 por cento fá-lo via telemóvel ou aparelhos portáteis e a maioria usa a internet em casa (87 por cento) e na escola (63 por cento)”, lê-se no documento.
O relatório aponta que as redes sociais permitem às crianças comunicarem e divertirem-se com os amigos, mas sublinha que nem todas têm as ferramentas para lidar com a privacidade e a divulgação de informação pessoal, havendo muitas crianças entre os nove e os 12 anos que usam redes sociais (20 por cento no facebook e 38 por cento em geral) quando a idade mínima é a partir dos 13 anos.
No entanto, é na internet que metade das crianças entrevistadas com idade entre os 11 e os 16 anos dizem ser mais fácil serem elas próprias, o que ajuda a compreender que 30 por cento tenham contactos online com alguém que nunca conheceram pessoalmente.
“No entanto, apenas nove por cento conheceram pessoalmente alguém que conheceram online e muito poucos tiveram uma experiência traumática”, lê-se no relatório.
Outro dado é que doze por cento do total de crianças entrevistadas assumiram ter sido incomodadas ou terem ficado perturbadas com alguma coisa na internet e é entre as crianças que acedem à internet através de um aparelho pessoal que está a maioria das que já viu imagens sexuais ou recebeu mensagens com teor sexual.
Os investigadores salientam que as oportunidades de risco permitem às crianças fazer experiências online em matéria de relacionamentos, intimidade e identidade e defendem que isso é vital para o seu crescimento e para aprenderem a defender-se no mundo dos adultos.
Nessa matéria, o relatório aponta que oportunidades e riscos andam de mãos dadas e que os esforços para aumentar as oportunidades podem também aumentar os riscos, ao mesmo tempo que o esforço para reduzir os riscos pode restringir as oportunidades das crianças.

23 de setembro de 2011