Obrigar os alunos de baixo desempenho a seguir o ensino técnico e profissional pode consolidar a desigualdade social, alerta a UNESCO num relatório em que dá conta de 71 milhões de adolescentes não escolarizados no mundo.
Num documento, a divulgar hoje, a agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura diz também que está na altura de “prestar especial atenção não só aos 120 milhões que não alcançam o 4.º ano, mas também aos 130 milhões que assistem às aulas mas são incapazes de adquirir conhecimentos básicos”, entre os 650 milhões de crianças do mundo em idade de frequentar a escola primária.
O relatório “2012 - Educação para Todos” é hoje apresentado em Portugal no Conselho Nacional de Educação, em Lisboa. No que diz respeito ao ensino secundário, o documento refere que este se deveria centrar nas competências básicas e promover a igualdade de oportunidades a todos os jovens para que possam adquirir capacidades transversais, assim como competências técnicas e profissionais que lhes permitam encontrar um bom trabalho e prosseguir os estudos.
Um plano de estudos comum na primeira fase do ensino secundário “ajuda a oferecer a todos os jovens as mesmas possibilidades de consolidar as suas competências”, lê-se no texto. “Obrigar os alunos de baixo desempenho a seguir o ensino técnico e profissional pode consolidar a desigualdade social e levar os empregadores a desvalorizarem esses programas”, segundo o relatório.
Quando a opção for por esta via, recomenda-se a vinculação da escolarização a programas em meio laboral, através de períodos de práticas e aprendizagens de ofícios, o que pode ajudar os jovens a adquirir competências práticas de resolução de problemas. O estudo confirma também que quanto mais elevado é o escalão socioeconómico a que pertencem os alunos, melhores são os resultados escolares.
Os autores do relatório frisam que a urgência de alcançar o objetivo da educação para todos, através da igualdade de oportunidades, se agudizou desde 2000.
“A crise económica mundial está a refletir-se no desempenho”, avisam os peritos, segundo os quais um em cada oito jovens está hoje à procura de emprego.
Não satisfazer as necessidades dos jovens, em termos educativos, é “uma perda de potencial humano e de poder económico. As competências dos jovens nunca foram tão vitais”. No relatório diz-se ainda que os docentes são o recurso mais importante para melhorar o ensino.
Fonte: Lusa
16 de outubro de 2012