Cerca de uma centena de pessoas concentrou-se hoje junto ao Ministério da Educação, em Lisboa, em protesto contra o encerramento de escolas do primeiro ciclo, a maior parte de zonas do interior do país.

 

Em causa está a medida anunciada pelo Governo, em junho, de encerrar 311 escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e integrá-las em centros escolares ou outros estabelecimentos de ensino, no âmbito do processo de reorganização da rede escolar.

 

Esta manhã, pais, professores e autarcas concentraram-se junto ao Ministério da Educação a fim de alertar para as consequências negativas que o encerramento destas escolas poderá ter para as zonas mais rurais do país.

 

Nesse sentido, em declarações à agência Lusa José Maria Alves, do Centro Social e Cultural de Fermelã, Estarreja, um dos concelhos afetados por esta medida, apontou para a “destruturação das comunidades e para o agravamento da “desertificação”.

 

“Numa freguesia (Fermelã) deprimida fechar tudo o que é serviço, não há quem resista”, sublinhou.

 

Segundo José Maria Alves, no concelho de Estarreja, à qual pertence a freguesia da Fermelã, está previsto o encerramento de três escolas.

 

Desse concelho, uma encarregada de educação, afetada diretamente por esta situação, disse à Lusa que se escola onde o filho estuda for encerrada ficará sem alternativas de transporte, uma vez que o novo estabelecimento de ensino fica a quatro quilómetros de casa.

 

“Isto é uma situação péssima. A escola foi remodelada há quatro anos. Aqui estamos perto dos nossos filhos e temos sempre apoio. Os nossos filhos não são números”, afirmou Lúcia Matos.

 

Vinda do concelho de Cuba, no Alentejo, Guilhermina Candez contou à Lusa que veio a Lisboa para defender a educação dos seus netos e a juventude da freguesia de Vila Ruiva.

“Não queremos que eles saiam de lá. Daqui a pouco só temos lá velhotes”, lamentou.

 

Presente nesta ação de protesto esteve também o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, que classificou o encerramento de escolas como um “massacre”, criticando o facto de a decisão estar a ser tomada à “revelia das populações”.

 

“ A questão aqui não é se há escolas que devem fechar ou não, porque é evidente de que há escolas que fazem sentido fechar. O problema aqui é que isto não é algo que se meça pelo número de alunos. Tem que se medir por outros critérios”, defendeu.

 

Segundo a listagem divulgada pelo ministério, o distrito de Viseu é aquele onde vão encerrar mais escolas, um total de 57, nos concelhos de Cinfães (nove), S. Pedro do Sul (oito), Tondela (sete), Viseu e Moimenta da Beira (seis), Nelas e Oliveira de Frades (quatro), Vouzela (três), Sernancelhe, Tabuaço, Mangualde e Vila Nova de Paiva (duas) e Castro Daire e Sátão (uma).

 

Entre os distritos mais atingidos pelos encerramentos estão também Aveiro e Porto, com 49 e 41 escolas a fechar em 2014-2015, respetivamente, de acordo com a lista de encerramentos divulgada pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC).

 

Por Lusa