Uma equipa de médicos do Hospital de São João, no Porto, conseguiu transplantar ovários criopreservados numa mulher de 28 anos que se tinha visto obrigada a removê-los aos 19 por motivo de doença. Após nove anos em menopausa precoce, fazendo terapia hormonal de substituição, a paciente retomou os ciclos regulares e poderá até vir a engravidar, explicou ao Diário  de Notícias Nuno Montenegro, diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da unidade hospitalar. Foi o primeiro transplante de ovários realizado em Portugal e abre caminho para que o mesmo possa ser feito em mulheres em idade fértil sujeitas a quimioterapia, por exemplo.

Nos últimos meses, o transplante de ovários tem permitido novos avanços na medicina. Em junho deste ano, na Bélgica, uma mulher originária da República do Congo emigrada no poaís conseguiu engravidar depois da reintrodução dos seus próprios tecidos ovarianos, que haviam sido removidos durante a puberdade e congelados. O feito, inédito a nível mundial, foi relatado ao pormenor na Human Reproduction, revista da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e de Embriologia (ESHRE). Vários médicos já tinham conseguido gerar gravidezes após o transplante de ovários.

Em todo o mundo, contam-se cerca de 35 casos, mas em nenhum deles a restauração da fertilidade tinha sido conseguida com material orgânico e genético da própria paciente. No seguimento de uma drepanocitose, uma anemia de células falciformes, doença que afeta os glóbulos vermelhos do sangue, quando tinha 13 anos, foi-lhe retirado o ovário direito e congelado. Dois anos depois do transplante, a mulher de 27 anos engravidou naturalmente. O bebé nasceu em novembro de 2014.