Em declarações à agência Lusa, o autor das publicações, Duarte Martins, disse que trata de literatura infantil escrita com base em recolhas efetuadas na região do Planalto Mirandês.

"Esta coleção de livros em mirandês pretende colmatar a falha existente no ensino da segunda língua oficial em Portugal", observou o também professor de língua mirandesa.

A apresentação dos primeiros dois manuais ("L lhibrico de las contas" e " L lhibrico de las adabinas", sobre contas e adivinhas) está agendada para sexta-feira, em Miranda do Douro, distrito de Bragança.

São ilustrados por dois desenhadores residentes no concelho de Miranda do Douro e a edição é da responsabilidade da Frauga - Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, que conta com o apoio do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro.

Os manuais de ensino utilizados pelos docentes de língua e cultura mirandesa são "construídos" pelos próprios professores, já que se trata de uma disciplina de opção.

Mais de metade dos cerca de 673 alunos que frequentam o Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro escolheu língua mirandesa como disciplina de opção, indicou hoje fonte do agrupamento de escolas.

O aumento crescente dos alunos pela disciplina reflete-se em diversos trabalhos elaborados no âmbito das atividades extracurriculares, como é caso de uma revista e de um jornal escritos em língua mirandesa pelos alunos.

O primeiro texto escrito em língua mirandesa é datado de 1884 sendo da autoria do filólogo José Leite de Vasconcelos.

O ensino do mirandês, como opção, nas escolas do concelho de Miranda do Douro, é ministrado desde o ano letivo 1986/87, por autorização do Ministério da Educação.

O mirandês tornou-se na segunda língua oficial em Portugal, após a aprovação na Assembleia da Republica da Lei 7/ 99 de 29 de janeiro.

Em 2008, foi estabelecida uma convenção ortográfica, patrocinada pela Câmara de Miranda do Douro e levada a cabo por um grupo de linguistas, com vista estabelecer regras claras para escrever, ler e ensinar o mirandês, bem para como estabelecer uma escrita o mais unitária.

Estima-se que atualmente haja oito mil falantes de língua mirandês repartidos pelo território nacional e pela diáspora ria possível e consagrar o mirandês como a segunda língua oficial em Portugal.