O risco de pobreza para as crianças acentuou-se em 2012, verificando-se situações de “risco acrescido” nas que vivem em famílias constituídas por dois adultos com três ou mais menores, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística, hoje divulgados.

 

“Em 2012, a taxa de risco de pobreza para os menores de 18 anos foi de 24,4%, superior em 2,6 p.p. [pontos percentuais] ao valor registado em 2011 (21,8%) e à média da população em geral (18,7%)”, referem os dados do INE, publicados a propósito do Dia Mundial da Criança, que se assinala no domingo.

 

Segundo o INE, a composição do agregado familiar é um “fator relevante” para o risco de pobreza enfrentado pelas crianças.

 

“A taxa de risco de pobreza para as famílias com crianças dependentes era, em média, de 22,2%, verificando-se situações de risco acrescido nos agregados constituídos por dois adultos com três ou mais crianças (40,4%) e por um adulto com pelo menos uma criança dependente (33,6%)”, sublinha.

 

De acordo com os Censos 2011, em apenas 28% das famílias clássicas (1.114.193) existiam crianças, sendo o número médio de filhos de 1,4.

Nas famílias clássicas, 46,5% das crianças viviam sem outras crianças e 42,1%, na companhia de apenas outra criança.

 

Quase 80% das crianças vivia em núcleo de casal com os respetivos pais, dizem os dados, acrescentando que os menores a viverem em famílias reconstituídas representavam 4,2% do total, maioritariamente em núcleos reconstituídos com a mãe e padrasto (3,4%).

 

Os dados analisaram também os municípios com maior percentagem de crianças, tendo concluído que essa percentagem é mais elevada nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores relativamente ao padrão nacional.

No Continente, a percentagem de crianças por município, no total da população, “evidencia um contraste entre o litoral e o interior do país: os municípios com maior peso de crianças concentram-se sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e municípios envolventes”.


Em apenas um terço dos municípios a percentagem de crianças era superior à média nacional (14,9%).

 

Entre os dez municípios com maior percentagem de crianças, cinco pertencem às regiões autónomas, destacando-se Ribeira Grande e Lagoa, nos Açores, e Câmara de Lobos na Madeira, com uma proporção de crianças superior a 20%.

 

Segundo o INE, o conjunto de municípios com menor peso de crianças situa-se no interior centro e norte do país e interior algarvio.

 

O município de Oleiros, com 6,9%, é aquele que apresenta a menor percentagem de crianças.

 

Os municípios que registaram o maior crescimento do número de crianças são, na generalidade, aqueles que registaram os maiores crescimentos populacionais na última década.

Entre estes, destacam-se os municípios de Mafra e Arruda dos Vinhos, onde o número de crianças cresceu mais de 60% entre 2001 e 2011.

 

Evolução oposta ocorreu nos municípios do interior e do norte que registaram maior diminuição do número de crianças, destacando-se Manteigas, Montalegre e Torre de Moncorvo, com decréscimos de cerca de 40%.

 

Entre 2001 e 2011, 81,2% dos municípios (250) perdeu população no grupo etário dos 0-14 anos, sendo que em apenas 18,8% (58 municípios) é que se registaram aumentos neste grupo etário.

 

Por Lusa