Os dados das administrações dos duas hospitais do Norte contrariam informações avançadas pelo movimento dos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia (ESMO) que indicam que o protesto está a reduzir para menos de metade a prestação de cuidados especializados.

Fonte da administração do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), que gere o Hospital São Sebastião em Santa Maria da Feira, declarou que, “até ao fim da manhã, o protesto dos enfermeiros não motivou a necessidade de transferir nenhuma grávida” para outras unidades de saúde.

A mesma fonte não dispõe ainda de números concretos sobre o número de profissionais ausentes do serviço, mas defende que o hospital vem funcionando dentro de “relativa normalidade”. Na eventualidade de ser necessário lidar com alguma gravidez de risco durante a tarde, também já foram tomadas precauções para se “agilizar” a transferência da utente em causa “para outra unidade da rede”.

Quanto a questões disciplinares, a fonte do CHEDV diz que só ao final do dia se poderá “avaliar devidamente” se se justifica instaurar algum processo a enfermeiros ausentes, mas realça que, mesmo a verificar-se, “isso será sempre uma questão interna”.

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Contactada pela Lusa, fonte do CMIN, uma estrutura do Centro Hospitalar do Porto, disse que o protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna não está a provocar qualquer constrangimento nesta unidade hospitalar.

“Tal como aconteceu na última greve [destes profissionais], no CMIN a situação está perfeitamente normal”, acrescentou a fonte.

O movimento ESMO indicou, ao início da manhã, que o protesto está a reduzir para menos de metade a prestação de cuidados especializados, havendo salas de parto “sem dotações seguras” de profissionais.

“Observa-se a diminuição de mais de 50% dos prestadores de cuidados, levando a um sério congestionamento dos serviços”, afirmou à agência Lusa o porta-voz do movimento, Bruno Reis.

No caso de Santa Maria da Feira, o movimento indicava, numa informação relativa à manhã, que havia um enfermeiro ao serviço na especialidade em questão, "quando deviam estar três ou quatro" e que estariam a "tratar da transferência de três grávidas de risco" para outra unidade.

No CMIN, o cenário descrito pelo movimento era o de dois enfermeiros especialistas para 11 grávidas de risco.

Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia regressaram, a partir de hoje, ao protesto que afeta blocos de parto e maternidades. Exigem a criação de uma categoria específica na carreira, bem como a respetiva remuneração pelas funções especializadas que desempenham.

O movimento dos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia (ESMO) decidiu retomar o protesto que passa por deixar de realizar as funções de especialista, pelas quais estes profissionais ainda não são pagos.

O protesto já tinha ocorrido durante quase todo o mês de julho, tendo sido interrompido para negociações com o Governo.

Consultas de vigilância da gravidez, blocos de partos, internamentos de alto risco, interrupção voluntária da gravidez ou cursos de preparação para a parentalidade são algumas das funções específicas destes profissionais que serão suspensas no protesto.