Os dados são do estudo "Play Report", do grupo sueco Ikea, e estiveram em debate na cerimónia de lançamento do Movimento "Direito a Brincar", esta sexta-feira (04/11), no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

Outro dado veiculado no estudo é que mais de metade dos pais (53%) confessam que gostariam de reencontrar a sua criança interior.

"Brincar é um direito fundamental das crianças e é um dever de todos nós garantir que esse princípio é respeitado. As escolas têm de ser, também, espaços de brincadeira, até porque se aprende muito a brincar. As brincadeiras permitem desenvolver as competências mais disruptivas, como a criatividade e a inovação. Para crescer, é fundamental brincar", defendeu João Costa, secretário de Estado da Educação na cerimónia.

"Sabemos que as nossas crianças pedem mais tempo aos pais e que estes, por sua vez, se sentem culpados por não passarem tempo suficiente com os seus filhos. No entanto, por vezes, não é preciso parar tudo o que estamos a fazer para dar atenção aos mais pequenos", alerta Cláudia Domingues, diretora de sustentabilidade da Ikea Portugal.

"Basta envolvê-los nas atividades do quotidiano, como cozinhar ou pôr a mesa, para se conseguir passar um tempo de qualidade em família e, simultaneamente, contribuir para o desenvolvimento de competências importantes nas crianças. As nossas casas são, por excelência, o lugar onde o divertimento, a brincadeira e o tempo em família devem imperar", exemplifica..

O artigo 31º da Declaração Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia-Geral nas Nações Unidas em 20 de Novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de Setembro de 1990, consagra que “os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística".

Brincar é essencial para o equilíbrio na idade adulta

"Brincar tem as quatro componentes essenciais da vida: fazer de conta, vertigem, sorte ou azar e oposição. Brincar na infância é, por isso, essencial para conseguirmos ter adultos equilibrados e capacitados para enfrentar os desafios do mundo atual", explicou Mário Cordeiro, médico pediatra.

"Essa prioridade deve ser garantida nas escolas, pelos professores e o sistema de ensino, e em casa, pelos pais e a vida familiar. É importante que se cultive e fomente o gosto por brincar, por ter prazer nas atividades, e uma criança aprenderá mais e melhor se o sistema de ensino se basear em modelos éticos, estéticos e lúdicos", acrescenta.

"Há muitos pais e educadores que utilizam a segurança como argumento para limitar a brincadeira. A segurança nunca deve ser uma escusa para isso. Temos de assumir que os nossos filhos correm riscos. O que é importante é que sejam riscos que as crianças sejam capazes de gerir. Correr riscos faz parte do seu crescimento, tal como brincar", comenta Sandra Nascimento, presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).

O Movimento “Direito a Brincar” tem o apoio institucional do Ministério da Educação e da Ikea Foundation.