Segundo Teresa Tomé Ribeiro, os dois projetos, um de promoção e desenvolvimento saudável e outro de prevenção de riscos nasceram em 2016 e vão estender-se até 2018. “Esta é a forma de a CEV, continuando a ser reativa, ser também proativa, dando às pessoas a hipótese de identificar possibilidades que podem mudar a sua vida”, explicou.

Situada na União de Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé Miragaia, São Nicolau e Vitória, a CEV levou a cabo, segundo a sua responsável, uma avaliação do quadro social daquela zona. Durante esse trabalho "identificou problemas de inserção social de pessoas sem projetos profissionais e educativos, de consumo de drogas e pequena criminalidade", disse a fonte.

"Percebemos também que a população jovem desta área conhecia muito pouco do Porto. Não ia para além da Avenida dos Aliados e da Ribeira e, por exemplo, nunca tinha ido às praias da costa marítima ou ao outro lado da cidade", revelou a responsável, justificando assim os projetos desenvolvidos para o escalão infantojuvenil.

Cativar jovens adolescentes

Dividido em dois grupos, o projeto de promoção e desenvolvimento saudável, "abrange 30 jovens entre os seis e 12 anos, e entre 10 e 12 com idades entre os 12 e 16 anos" que frequentam a instituição regime de Atividades de Tempos Livres (ATL).

Com a colaboração de vários voluntários ligados às artes, os jovens são convidados a participar em atividades de arte urbana e musical, num envolvimento que, contou Teresa Tomé Ribeiro, "levou a que os jovens propusessem também a dança e a expressão dramática". "O que me interessa é que este projeto evite que os miúdos venham um dia a cair nas ruas, mas também tirá-lo do sofá, cativando-os para serem pessoas mais empreendedoras e a escolherem, no secundário, áreas que com futuro", disse.

"Quanto aos idosos, num total de 16, a ideia é aproveitar as entre duas e quatro horas semanais de socialização para o desenvolvimento de atividades que incluem a visita a outros idosos, acamados, e também nas festas das crianças da CEV", descreveu a presidente.

Dessa interação dos seniores e os mais novos "nasceu a ideia de os ensinar a fazer sopa, como anteriormente já havia sucedido em relação aos bolos e bolachas", acrescentou de um projeto que funciona em regime livre.

O projeto de prevenção de comportamentos de risco "representa um desafio maior, por ser multifocal" disse a também investigadora na área dos comportamentos de risco, para quem "as classes mais baixas da sociedade têm para com os filhos os meus problemas de falta de atenção mas níveis de exigência elevadas que as mais altas".

"Aqui quer-se que a criança seja criativa e expressiva e que a sua formação como pessoa seja muito mais global", explicou de um projeto que procura envolver todos os que frequentam o ATL da CEV.

A cumprir o 45.º ano de existência, a CEV é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) a atravessar "algumas dificuldades financeiras devido ao facto de auxiliar famílias do I e II escalões da assistência social", disse a presidente.

"A comparticipação paga pela Segurança Social à CEV para prestarmos apoio a essas crianças não chega para o investimento mensal da associação, uma vez que o valor pago pelas famílias é menor e gera-se um défice", explicou.