A iniciativa contempla para já três famílias que recebem produtos doados por agricultores da freguesia de Vilar Chão, como contou hoje à Lusa a presidente da Câmara de Alfândega da Fé, Berta Nunes.

O projeto está ainda numa fase inicial e envolve vários parceiros, desde os presidentes das freguesias, que falam com os produtores e recolhem os alimentos, à equipa da Liga dos Amigos do Centro de Saúde, responsável por ir biscar as doações e distribuí-las por famílias carenciadas já identificadas.

A iniciativa está a ser divulgada no âmbito da Semana Europeu de Prevenção de Resíduos, que está a decorrer, e dá atenção ao problema do desperdício alimentar, numa altura em que se estima que, a nível mundial, quase um terço dos alimentos sejam desperdiçados ao mesmo tempo que existem pessoas a passar fome nos países desenvolvidos.

Os pequenos produtores acabam sempre por produzir em excesso, seja por falta de oportunidade de comercialização ou por impossibilidade de conservar produtos perecíveis.

“O que nós estamos a fazer é junto dos presidentes das juntas de freguesia tentar encontrar uma bolsa de produtores que deem produtos que tenham em excesso, que não consigam comercializar e que possam dessa maneira ajudar famílias carenciadas”, explicou a autarca.

Os alimentos dependem da época do ano e vão desde a batata ao nabo, nabiças, maça, couves, grelos, aquilo que as pessoas vão tendo sazonalmente.

Para a autarca local, este “é um trabalho que tem de ser continuado e persistente e criar incentivos para que as pessoas percebam que são importantes estas ações para quem recebe e para quem dá” porque, de outra forma, os limentos acabam por estragar-se.

Desta forma, pretende-se também “criar laços de solidariedade entre as pessoas”.

O município tem durante esta semana também em curso outra iniciativa, resultado de um desafio lançado pela empresa Resíduos do Nordeste, que fornece recipientes recicláveis para que as pessoas possam levar dos restantes as sobras das suas refeições.

“Muitas vezes, nós temos vergonha de pedir o resto da comida e de facto deveríamos fazê-lo, isso não tem nada de mal”, defende a autarca para quem “é quase uma espécie e novo-riquismo não aproveitar alimentos de qualidade e que podem ser consumidos na refeição seguinte”.

A esta iniciativa aderiu um restaurante da vila e “se esta ação for avaliada de uma forma positiva, a intenção é continuar”, adiantou.

Uma associação de apoio à deficiência instalada na sede de concelho, a Leque, já faz este aproveitamento junto de alguns restaurantes que lhe entregam restos de alimentos em bom estado e que a mesma utiliza para apoiar famílias dos seus utentes.

Também contra o desperdício alimentar, um grupo de nutricionistas está a divulgar nas redes sociais receitas em que se reaproveitam alimentos que já foram cozinhados para poderem ser comidos com outra apresentação na refeição seguinte.