Preço médio de quarto no Porto aumenta 40% para 270 euros

Um quarto para arrendar no Porto a um estudante do ensino superior está a custar, em média, 270 euros, um aumento de cerca de 40% em relação aos preços médios do ano letivo passado.

Se no ano letivo passado um estudante do ensino superior no Porto conseguia arrendar um quarto por valores entre os 140 e os 250 euros, o que dava uma média de 195 euros por mês, este ano o preço médio de um quarto individual aumentou para 270 euros, disse à Lusa Inês Amaral, marketing manager na Uniplaces, uma plataforma ‘online’ de alojamento universitário que estabeleceu uma parceria com a Federação Académica do Porto (FAP), e que garante aos estudantes um “contrato de arrendamento”, “emissão de recibo de renda” e “verificação das propriedades” (selo de qualidade).

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“Temos muito mais procura do que no ano passado, porque o número de estudantes estrangeiros tem aumentado muito e são 80% do nosso ‘target’ (alvo)”, informa Inês Amaral, explicando que, como há mais procura e menos oferta, e há a pressão turística, o preço médio de um quarto no Porto aumentou e atualmente cifra-se nos 270 euros por mês, enquanto que o preço de um estúdio sobe para uma média de 350 euros/mês.

O estudante alvo que procura a plataforma da Uniplaces é “internacional”, quer um quarto individual em casa partilhada, tem uma estádia média de cinco meses, porque a maioria vem integrada no programa Erasmus, e é oriundo, principalmente, do Brasil e da Europa (França, Alemanha e Itália), descreve aquela responsável da Uniplaces, acrescentando que as zonas mais procuradas no Porto são Paranhos, Bonfim e Cedofeita.

Em 2015, a Federação Académica do Porto (FAP) associou-se à Uniplaces, empresa que venceu a IV edição do Prémio Nacional Indústrias Criativas em 2012, para ajudar os estudantes na procura de alojamento, que têm um desconto de 20% sobre as taxas do serviço.

Em entrevista à Lusa, a presidente da FAP, Ana Luísa Pereira, confirma que há “muitos estudantes” a recorrer àquela plataforma para procurar alojamento, “porque oferece garantias de segurança ao nível da “qualidade” e “obtenção de um recibo que faz toda a diferença para as famílias”.

Numa pesquisa que a agência Lusa realizou na página da Internet da Uniplaces podem encontrar-se ofertas tão variadas como um quarto em Pedrouços por 180 euros, um apartamento com dois quartos perto do Parque da Cidade a 1.200 euros/mês ou um apartamento estúdio em Santo Ildefonso por 650 euros.

A Universidade do Porto (U.Porto) vai bater no ano letivo 2017/2018 o recorde de estudantes estrangeiros, ultrapassando a fasquia dos quatro mil alunos e quase duplicando número de estudantes com estatuto internacional.

“No total, a Universidade do Porto este ano letivo 2017/2018], vai ultrapassar os quatro mil alunos estrangeiros. Deve chegar aos 4.200 alunos”, avançou à Lusa fonte das relações públicas da U.Porto, à margem de uma entrevista telefónica no âmbito da cerimónia de boas-vindas a estudantes internacionais realizada na quarta-feira transata na reitoria daquela instituição de ensino superior.

Também este ano letivo, a U.Porto regista um maior número de alunos inscritos “com estatuto internacional” (cerca de 400), em relação ao ano passado (200), acrescentou a mesma fonte, referindo que estes estudantes podem fazer todo o primeiro ciclo (licenciatura e mestrados integrados) naquela universidade portuguesa”.

A U.Porto, com cerca de 30 mil alunos, tem uma capacidade atual para acomodar em residências estudantis cerca de 4% desse universo total, onde os estudantes pagam cerca de 70 euros/mês.

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Estudantes queixam-se que arrendar casa em Braga “já não é ao preço da uva mijona”

A Universidade do Minho, em Braga, é "atraente" pela oferta educativa e pela fama de "relativa facilidade" com que se arrenda casa na cidade, mas os preços "já não são os da uva mijona", segundo alunos e profissionais imobiliários.

Em declarações à Lusa, responsáveis por duas das maiores agências imobiliárias da cidade apontaram uma subida de preços no mercado de arrendamento "na ordem dos 20% a 30%" nos últimos dois anos, o que, "a par de uma diminuição de oferta", afirmam ter tornado a "vida complicada" para quem quer arrendar casa em Braga.

Maria Guilherme, 17 anos, foi de Elvas para Braga para estudar Direito e, em entrevista à Lusa, disse orgulhosamente que entrou na primeira opção e "na verdade na única". Escolheu a Universidade do Minho "porque era atraente pela reputação" e porque o mercado de arrendamento em Braga "tem fama de ser barato", ao contrário do de Lisboa, Porto ou Coimbra.

Tal como nas contas de Maria, o preço do alojamento teve peso nas escolhas de Bruno Vaz, 21 anos, "futuro licenciado em Ciências da Computação", chegado da Covilhã, que admitiu que "tudo conta na altura de escolher" e, se o sonho era Lisboa, "a carteira" encurtou-lhe as distâncias e optou por Braga pela fama de "relativa facilidade" em arranjar alojamento.

"Os estudantes, por norma, procuram T0 ou T1. Há dois, três anos arranjavam-se estas tipologias por 250 euros, 300 euros, ou 350, dependendo da zona, quanto mais próximo da Universidade mais caro. Hoje já não há nada abaixo dos 350 euros", disse à Lusa Sílvia Pinto, representante da ERA.

A "aventura" de Maria a procurar casa corrobora: "Eu pesquisei nos últimos meses, antes de escolher a universidade, vi muita coisa na internet e parecia tudo mais barato e mais bonito. Nestas duas semanas ou encontro coisas velhas e demasiado longe ou preços demasiado caros", disse.

Maria queria morar sozinha, mas os preços do arrendamento estão a fazer esta jovem "repensar tudo".

"Acho que vou ter que partilhar casa. Por um T1 pedem quase 400 euros, e encontrei um T3 pelo mesmo preço. Já conheço duas raparigas que estão na mesma situação que eu e se calhar vamos dividir a casa. Uma delas tem carro e já dá para irmos para um pouco mais longe do ‘campus’", relatou.

Tal como Maria, o covilhanense está com as contas baralhadas. "Venderam-me que as casas em Braga eram ao preço da uva mijona e não são, ou já não são. Olhe, devia era ter estudado para ter entrado há três anos. Agora vou ter que me desenrascar mais à rasca", admitiu.

O orçamento de Bruno para alojamento é de 300 euros, "a que se junta o comer, vestir, telemóvel, viagens e claro, os copos", enumerou.

"Alguma coisa vai ter que ser cortada. Pode ser que seja desta que deixe de fumar, sempre são mais 150 euros no bolso para a casa. A única que vi que me interessou fica por 370 euros e não é perto. Mas pelo menos vou viver sozinho", explicou.

O aumento dos preços tem, segundo as imobiliárias contactadas pela Lusa, "algumas" explicações: "Houve um aumento do emprego, de empresas na área e isso trouxe novas pessoas para a cidade, fez aumentar a procura", apontou António Cardoso, da representante da Remax.

Para Sílvia Pinto, "o aumento do prestígio da Universidade atrai cada vez mais estudantes nacionais e estimula a procura e juntar a isso a diminuição de oferta no chamado mercado oficial e o aumento no mercado paralelo, ou seja na internet, nos folhetos dos cafés".

Há algo em que Sílvia Pinto e António Cardoso são unânimes. "Arrendar casa em Braga fácil e barato já foi, já não é", avisam.

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Preços do alojamento universitário aumentam em Aveiro devido ao turismo

O presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAV), Xavier Vieira, disse hoje que os preços das rendas para estudantes universitários estão a aumentar devido ao negócio do alojamento local.

Segundo dados da Câmara, o movimento turístico no posto de atendimento de Aveiro fechou o ano de 2016 com um aumento de 40% face ao ano anterior e houve um crescimento continuado de dormidas.

Devido a esta situação, alguns proprietários de casas optaram pelo alojamento local em detrimento do alojamento universitário.

Em declarações à agência Lusa, Xavier Vieira disse que o número de habitações que existem na cidade "começa a diminuir, porque estão destinadas a outro público, como o alojamento local e empreendimentos turísticos".

O representante dos estudantes diz que esta situação originou uma "ligeira" subida dos preços que estão a ser pedidos pelas rendas, embora sem quantificar o valor do aumento.

"Aquilo que nos tem chegado é que a nível de valores as rendas mensais por um quarto estão na casa dos 150 a 250 euros", disse Xavier Vieira.

O reitor da Universidade de Aveiro (UA), Manuel Assunção, diz que está atento ao problema, admitindo que há menos oferta no mercado de arrendamento de habitação devido ao aumento da pressão turística em Aveiro.

"Há alojamentos que os proprietários se habituaram a arrendar noite a noite e, portanto, enquanto durar esta procura turística, as pessoas não estão disponíveis para o alojamento mensal, que é o que os estudantes procuram", disse Manuel Assunção.

Apesar disso, o reitor disse que o número de alunos que se inscreveram este ano para vagas nas residências universitárias é "muito parecido" com o do ano anterior.

Manuel Assunção referiu ainda que a UA tem 1.100 camas disponíveis nas residências universitárias, das quais cerca de 270 estão reservadas para os estudantes internacionais. "É a maior percentagem a nível nacional depois da Universidade da Beira Interior", disse o reitor.

Além das residências, a UA criou uma lista com a oferta de alojamento certificado, para evitar a especulação, que inclui um conjunto de 230 quartos e apartamentos em Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis, onde se localizam os polos da UA.

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Alunos do Porto pedem alojamento alternativo e residências contra pressão turística

A Federação Académica do Porto alertou hoje para a necessidade de criar programas, alternativas e mais residências universitárias para apoiar os alunos que não têm poder económico para competir com a pressão turística que se regista na cidade.

“Chegam relatos preocupantes” à FAP e às associações de estudantes individualmente, avança à agência Lusa Ana Maria Luísa, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), revelando que tem conhecimento de testemunhos de alunos que contam ter tido “mais dificuldade em encontrar alojamento” e que sentem que “os preços estão mais altos para uma mesma tipologia de alojamento”.

Os preços dos quartos para estudantes no Porto estão mais elevados do que no passado, com valores acima dos 300 euros, e a pressão turística é a principal culpada, prejudicando, em primeiro lugar, os alunos mais carenciados, descreve Ana Maria Luísa.

“Não temos dados sobre a média dos preços até porque depende de que tipologia de alojamento que estamos a falar - quarto individual, T0 ou T1 -, com ou sem despesas. No entanto, acreditamos estar a falar de valores por vezes muito acima dos 250 e os 300 euros mensais por estudante”.

Para fazer face à “pressão sobre o alojamento” que está a aumentar é “necessário que se pensem em programas e alternativas direcionadas para os estudantes para evitar que a situação se torne insustentável”, avisa a presidente da FAP, alertando que, a longo-prazo, terá necessariamente de se “aumentar o número de residências que os serviços de ação social das instituições de ensino superior disponibilizam”.

“Se queremos que os estudantes venham para o ensino superior também precisamos de garantir que eles têm condições de facto para ficar. A procura de alojamento está demasiado pressionada pela falta de oferta e, como sempre, os estudantes em situação mais carenciada são os primeiros a ficar prejudicados”, declara em entrevista à Lusa via correio eletrónico.

A Universidade do Porto (U.Porto), com cerca de 30 mil alunos, tem uma capacidade atual para acomodar em residências estudantis cerca de 4% desse universo, onde os estudantes pagam cerca de 70 euros.

Dados fornecidos pelo gabinete das relações públicas da U.Porto indicam que aquela instituição tem "nove residências universitárias", com capacidade para acomodar 1.192 estudantes, conseguindo apenas dar resposta a alguns dos estudantes com condições sociais complicadas.

“Tipicamente, o estudante de licenciatura com direito a residência é bolseiro de ação social, pagando uma mensalidade de 73,73 euros. Este valor é incluído na bolsa mensal que é atribuído ao estudante pelos serviços do ministério”, explicou fonte da U.Porto.

A U.Porto tem em curso uma intervenção na residência Alberto Amaral que vai permitir ter mais 112 camas para acolher universitários a partir de setembro de 2018, o que significa um aumento de cerca de 10% do número de camas para estudantes que queiram viver em residências universitárias, adiantou à Lusa a mesma fonte das relações públicas da U.Porto.

A residência Alberto Amaral, na rua D. Pedro V, tem atualmente capacidade para 220 camas, mas com o acréscimo de 112, chegará às 332 camas de capacidade original daquela residência.

“A empreitada encontra-se ainda em fase de concurso para intervenção” e, se não houver imprevistos durante o processo, “as obras deverão iniciar-se ainda este ano”, disse à Lusa a mesma fonte da U.Porto.

A empreitada insere-se no plano de investimentos de 45 milhões de euros para reabilitação patrimonial da U.Porto, que foi anunciada pelo reitor em 23 de março deste ano.

Em dezembro de 2016, a empresa municipal Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Porto Vivo, anunciou, por seu turno, que ia lançar um concurso para construir e explorar uma residência para 120 estudantes no morro da Sé, no centro histórico do Porto.