Os representantes portugueses do calçado infantil na feira GDS, em Dusseldorf, alertaram hoje para a dificuldade em colocar produtos no mercado nacional, pois Portugal “não está preparado para comprar produtos de qualidade”.
“Não há assim muita [preocupação em calçar os mais novos] e esse é também um dos problemas. As pequenas lojas acabam por comprar marcas pouco conceituadas, que muitas vezes nem utilizam couro e o nosso mercado não está preparado para comprar produtos de qualidade”, disse hoje à Lusa Fernando Silva, sócio gerente da Bo Bell.
No mercado desde 1986, a Bo Bell foi este ano alvo de um "'rebranding' da marca” e apresentou uma coleção para o verão de 2012 “muito ligada ao ser divertido, irreverente, colorida e flexível”, com “cores frescas e desportivas, tal como se exige aos miúdos nestas idades”, frisou.
Vários anos depois de participarem na feira internacional de calçado, GDS, a Bo Bell está representada na Holanda, Inglaterra, Alemanha e Portugal, “mas pouco”, brincou Fernando Silva.
É que se, por um lado, os compradores “não pagam” as dívidas, por outro o sistema de retalho português “é completamente diferente do que existe na Europa”. Para além disso, Fernando Silva admite não haver grande tradição e preocupação em calçar os mais jovens, até porque o mercado nacional “não está preparado para comprar produtos de qualidade e pagar o preço cobrado na Europa”.
Atualmente, 98 por cento da produção da Bo Bell “é para exportação”, sendo distribuída por países como “Holanda, Dinamarca, França, Inglaterra, Irlanda” e outros. Tal com a Bo Bell, de Santa Maria da Feira, também a mais nova Telyoh, de Felgueiras, sente a dificuldade de vender e expandir a produção de calçado infantil em território nacional.
À Lusa, a responsável comercial Sílvia Marinho admitiu mesmo ser “difícil” vender sapatos para crianças, uma vez que nem sempre há a preocupação com a qualidade e conforto do sapato.
“Conheci um estudo de um podólogo na Bélgica, segundo o qual nove em cada 10 crianças tinha problemas de tendinites e outros associados ao caminhar dado a erros das mães nas escolhas de calçado", justificou a porta-voz da Telyoh. Por isso mesmo, admitiu alertar, enquanto comercial, para “questões que são importantes e que a mãe deve valorizar”, desde os materiais da sola, ao modelo e caraterísticas ergonómicas.
Vencedora este ano do prémio GAPI para criança, a Telyoh conta com quatro anos de existência, apresentando uma coleção que “se concentra sobretudo na riqueza e qualidade dos materiais, nunca esquecendo a questão do valor do conforto que é extremamente importante para a criança”, para além de inovar em termos de design. Se na Bo Bell os olhos se prendem às cores fortes, na Telyoh são as formas e diferentes conjugações cromáticas que chamam a atenção, fazendo sobressair algum “vanguardismo”.
Lusa
08 de setembro de 2011