O objetivo da campanha, que teve início no dia 17 de fevereiro e terminou na quarta-feira, foi recolher roupa, cobertores e agasalhos para os quase dois milhões de crianças sírias a viver nos campos de refugiados no Líbano, Jordânia, Iraque, Turquia e Egito, ser vítimas de um inverno excecionalmente rigoroso e duro.

O presidente da Cáritas Portuguesas disse hoje à agência Lusa que a adesão dos portugueses foi de tal forma surpreendente que a organização está a “tentar encontrar recursos para que toda a roupa” doada chegue aos seus destinatários.

“Embora tivesse sido em maior quantidade do que estávamos à espera”, a roupa “irá chegar de certeza” às crianças sírias, assegurou Eugénio Fonseca, avançando que o primeiro carregamento, com 15 toneladas de roupa, seguirá já no final da próxima semana.

Cada diocese está agora a organizar as suas embalagens e a Cáritas, com ajuda do Exército, “irá percorrer o país a recolher todos esses sacos e caixas”, que irão ficar concentrados em dois armazéns do Exército.

“Queremos que no fim da próxima semana saia já o primeiro carregamento por via aérea, ainda não sabemos se para o Líbano se para a Jordânia, porque estamos em contacto o com alto comissariado para os refugiados da ONU para saber qual é a prioridade”, disse Eugénio Fonseca.

Segundo o presidente da Cáritas, no primeiro carregamento seguirão 15 toneladas de roupa, mas a organização prevê que as toneladas de roupa recolhidas poderão “chegar às 50 ou 60 toneladas”.

Eugénio Fonseca explicou que será a Cáritas a suportar os encargos da deslocação por avia, “que são onerosos”.

“Pode ser que haja algum mecenas que nos venha ainda ajudar, mas tal ainda não aconteceu”, frisou.

A campanha pretendeu “dar expressão ao valor da solidariedade e da cooperação inter-religiosa perante uma emergência humanitária como a que atinge a população refugiada síria”, segundo a Cáritas.

A organização lembra que há quase dois milhões de crianças sírias refugiadas em países vizinhos, a maior parte no Líbano, Jordânia, Iraque, Turquia e Egito, e que “a violência e as deslocações forçadas terão transtornado profundamente a vida de mais de sete milhões de crianças na região”.

Um estudo da UNICEF realizado em outubro e novembro do ano passado mostrou que cerca de duas mil crianças sírias “estão em risco de morte e necessitam de tratamento imediato para sobreviver”.