A exposição das grávidas aos poluentes atmosféricos e ao tráfego rodoviário aumenta de forma significativa o risco de atrasos no crescimento do feto a partir de níveis bem mais baixos do que os regulamentados pelas diretivas da União Europeia sobre a qualidade do ar, apontam os autores do estudo publicado na revista especializada The Lancet Respiratory Medicine.

 

A União Europeia fixou como nível máximo de exposição às partículas finas uma média anual de 25 microgramas por m3.

 

As partículas finas provêm, entre outras fontes, dos escapes, dos aparelhos de aquecimento e ar condicionado e de atividades industriais.

 

Por cada aumento de cinco microgramas de partículas finas por m3 sobe 18 por cento o risco de nascimento de bebés com baixo peso, ou seja, menos de 2,5 quilogramas após 37 semanas de gestação.

 

O baixo peso de um bebé surge também associada a problemas respiratórios na infância e a outras patologias que surgem mais tarde como a diabetes, obesidade ou problemas cardíacos.

 

"Não é necessariamente a causa, mas é um marcador de vulnerabilidade, um sinal de que qualquer coisa correu mal durante a gravidez", sublinhou Rémy Slama, diretor do Instituto Público de Investigação Médica, de Grenoble, França, coautor do estudo.

 

Os investigadores observaram ainda uma diminuição do perímetro do crânio, o que levanta “a questão do efeito da poluição sobre o desenvolvimento neurológico quer no plano cognitivo quer comportamental", sublinhou o epidemiologista, Rémy Slama.

 

"Estes resultados sugerem que uma proporção importante dos casos [de bebés] com baixo peso à nascença poderiam ser evitados na Europa se a poluição do ar urbano, e especialmente as emissões de partículas finas, diminuíssem", acrescentou.

 

Baixar o nível de partículas finas para 10 microgramas/m3 (valor anual recomendado pela Organização Mundial de Saúde) permitiria evitar 22 por cento dos nascimentos de bebés com baixo peso, estimam ainda os investigadores.

 

As taxas de exposição médias às partículas finas medidas no estudo variam, segundo a zona, de menos de 10 microgramas/m3 a cerca de 30 microgramas/m3.

 

As concentrações de poluentes atmosféricos foram avaliadas durante o período da gravidez na casa de cada uma das participantes no estudo, tendo sido medida igualmente a intensidade do tráfego na rua mais próxima e em todas as ruas principais num raio de 100 metros da residência.

 

Neste trabalho, os autores reuniram 14 estudos de 12 países europeus abrangendo um total de 74 mil grávidas entre 1994 e 2011, tendo como base dados do estudo europeu sobre os efeitos globais da poluição atmosférica.

 

Lusa