Um estudo norte-americano conduzido pela organização não- governamental Safety Child mostrou que 1 em cada 4 pais não coloca o cinto de segurança nas crianças quando a distância a ser percorrida é muito curta. «O risco parece ser menor por causa da distância e os pais pensam que o acidente nunca irá acontecer numa distância tão curta, então os pais abrem uma exceção e correm um risco sem retorno», afirmam os autores do estudo em comunicado.

 

O uso de cadeirinha (grupos 0+, 0+/I e I), de cadeira (grupo II/III) e de banco elevatório (grupos II/III e III) é essencial para evitar acidentes, mas estes sistemas de retenção devem ser instalados corretamente e o uso do cinto de segurança é indispensável. Em declarações ao Sapo Crescer, a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) indica que cerca de 50 por cento dos acidentes graves e/ou fatais ocorrem a menos de 50 km de casa, outros 25 por cento ocorrem entre 50 e 200 km. Ou seja, mais da metade dos acidentes graves e/ou fatais ocorrem em menos de 30 minutos de passeio. «O uso do cinto de segurança nos equipamentos deve ser usado independente da distância a ser percorrida e isso deve ser um hábito da família», diz a APSI.

 

O estudo da Safety Child mostra que quando os pais abrem exceções ao uso do cinto de segurança, estão a mostrar às crianças que este não é um elemento de muita importância. Mais tarde, as crianças podem também abandonar o hábito de usar o cinto de segurança.

 

Outra exceção que os pais fazem é quando a distância a ser percorrida é muito grande, e as crianças ficam com sono e adormecem. Para conforto delas, os pais acabam por abrir mão do uso do cinto de segurança. «Viagens mais longas ou durante a noite são mais perigosas, pois a velocidade é mais elevada», explica a APSI.

 

Além disso, alargar o cinto de segurança ou passar a tira lateral (quando o cinto é de três pontos) atrás das costas da criança são outras opções que muitas vezes os pais tomam em nome do conforto. «Em relação ao cinto de segurança, não se pode mudar de lugar e nem alargá-lo. Caso contrário, a criança fica com maior liberdade de movimento e as lesões do impacto na coluna e noutras regiões são mais severas», conta a associação. «E, assim, o cinto de segurança perde a sua função, já que o sistema que prende o cinto não será acionado.»

 

Em Portugal, os acidentes rodoviários são a principal causa de morte em crianças e jovens, como passageiros. De acordo com um estudo que a APSI realiza anualmente, apenas 40 por cento dos sistemas de retenção infantil são corretamente utilizados em ambiente de autoestrada.

 

Para deixar a criança mais confortável, sem prescindir da segurança, a APSI recomenda o uso de sistemas de retenção equipados com almofadas laterais. Assim, a criança adormece com a cabeça inclinada para o lado. Além disso, estas almofadas protegem contra impactos laterais.

 

 

Maria João Pratt