"Vamos continuar a lutar porque o problema é que ainda não obtivemos uma resposta. Fizemos uma exposição antes do início do ano letivo. Depois do ano letivo começar enviámos um abaixo-assinado à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST) e nunca nos deram resposta", explicou o presidente da associação de pais, Miguel Franco.

Hoje, os pais envergaram camisolas pretas durante o "Abraço ao rio Lima", que há seis anos assinala o Dia Nacional da Água e o Dia Internacional do Idoso.

Susana Marlene tem uma filha que faz seis anos na próxima semana e que, este ano letivo, entrou para a primeira classe. Na turma são 26 alunos, sendo que sete são do primeiro ano de escolaridade, e os restantes da segunda classe.

"Enquanto a minha filha está a aprender as primeiras letras, os outros já levam um ensino mais avançado", explicou Susana. Adiantou que, neste sistema "os alunos facilmente se distraem, porque, enquanto o professor explica a matéria a uns, os outros estão a brincar".

Aquela encarregada de educação destacou ainda a diferença de evolução na aprendizagem da filha, em relação ao filho mais velho, que não frequentou turmas mistas.

Na ação hoje realizada na ponte velha de Ponte de Lima, os 255 alunos da EB1 usaram uma fita preta no braço "em sinal de luto", tendo sido ainda afixadas faixas pretas e cartazes para chamar a atenção para o problema.

A iniciativa contou com a participação de mais de 1.500 alunos dos 12 centros educativos do concelho, 60 alunos de Xinzo de Lima, localidade galega geminada com Ponte de Lima e representantes de seis instituições particulares de solidariedade social (IPSS).

O presidente da Câmara Municipal (CDS), Vítor Mendes, manifestou "solidariedade para com pais e alunos" e sublinhou que esta situação representa "um retrocesso educacional sem paralelo".

"Apelo ao Ministério de Educação para que, com bom senso possa resolver, o mais rapidamente, esta situação, que não acontece apenas na EB1 de Ponte de Lima mas noutras escolas do nosso concelho", disse.

Victor Mendes destacou o "esforço enorme" feito pelo município no reordenamento escolar que implicou a construção de 12 centros escolares orçados em 27 milhões de euros, e com comparticipação comunitária de mais de 16 milhões de euros.

"O grande argumento que tínhamos junto das populações era exatamente o facto de pensarmos que nunca mais haveria razões para haver turmas mistas. O que é facto é que, infelizmente, essa situação está a ocorrer", frisou.

O autarca anunciou ainda que, na sexta-feira, o vereador da Educação irá acompanhar os pais na manifestação agendada para o Porto, às 09:30, à porta da DGEST.

Na quarta-feira, em resposta escrita ao pedido de esclarecimento da agência Lusa, o Ministério da Educação afirmou que a constituição de turmas mistas naquela escola foi uma opção do próprio agrupamento.

"Foi considerada uma alternativa de fazer só uma turma mista redistribuindo os alunos, mas a Direção do agrupamento decidiu que a situação encontrada seria a mais adequada" lê-se na nota.

O curto texto do MEC nada adiantou sobre as razões que conduziram a essa opção.

"Foi entendimento da direção do agrupamento dar continuidade às turmas do 2.º ano de escolaridade, por razões pedagógicas e de continuidade dos docentes destas turmas, integrando-se, por isso, os alunos matriculados no 1º ano (condicionais) nas turmas atrás referenciadas", sustentou.