“Portugal surge como um dos países em que é superior a percentagem de crianças que passa 30 ou mais horas semanais em instituições de guarda formal”, alerta o Observatório das Famílias e das Políticas de Família (OFAP).
O documento chama a atenção para o facto de as creches terem um horário alargado, de forma a fazer face à jornada de trabalho maior por parte dos pais, o que faz com que as crianças passem a estar mais horas nas instituições e menos em casa.
A maioria dos espaços de acolhimento para crianças dos zero aos três anos (84 por cento) abre “entre as 07:00 e as 08:00, encerrando entre as 18:00 e as 19:00”, diz o OFAP, destacando que 13 por cento dos espaços abrem “antes das 07:00” e 35,6 por cento “encerram após as 19:00”.
O OFAP revela ainda que Portugal continua “a ser o país europeu onde maior número de mulheres em idade fértil trabalha a tempo inteiro”. Estatisticamente, “87,2 por cento de mulheres entre os 24 e os 34 anos e 86 por cento de mulheres entre os 35 e os 44 anos” estão nessas condições.
Em relação ao número de creches, o relatório anuncia uma evolução positiva, tendo-se registado um aumento de 32,6 por cento em 2009. Já em 2010, “passaram a estar disponíveis mais sete mil lugares em creche”, o que corresponde a um “aumento de 7,9 por cento da capacidade instalada face ao ano anterior”.
Mas se a rede privada tem aumentado, a pública tem diminuído, nomeadamente nos Açores, Madeira e região Centro, onde houve menos 2.176 crianças inscritas entre os anos letivos de 2008/2009 e 2009/2010.
Por outro lado, registam-se “situações de sobrelotação” e, de acordo com o relatório do CNE relativo a 2011, “em todas as regiões, os jardins-de-infância continuam a não admitir crianças por falta de vaga”, confirmando os dados do ano anterior que apontavam que “a oferta da rede ainda ficava aquém da procura”.
Uma situação preocupante se atendermos que são as crianças de meios mais desfavorecidos são as que têm menos acesso à educação pré-escolar, dados revelados pelo mesmo relatório.
26 de julho de 2012