"Cuidadora no sentido importante do humanismo, capaz de transformar existências sem profundidade em gente, como se, da forma mais simples, soubesse solucionar conflitos e impasses", escreve o autor no prefácio da nova edição d'"O Principezinho", da Porto Editora, com "as ilustrações originais nunca antes publicadas em Portugal", segundo fonte editorial.

Entre as ilustrações que agora são publicadas, a mesma fonte referiu "a famosa gravura do meteorito".

"Pela primeira vez em Portugal, fixa-se o texto e ilustrações, de acordo com a edição original de 1943", sublinhou.

A nova edição, com capa dura almofadada e "um acabamento distinto", tem um formato de 21,5x28,5cm, e segue a publicação original de 06 de abril de 1943 pelas Edições Reynal & Hitchcock, em Nova Iorque, nas línguas inglesa e francesa.

Para Valter Hugo Mãe, "ler e reler 'O Principezinho' é uma tarefa de felicidade”. “A sua candura é toda ela inteligente contra qualquer ceticismo, derrotismo, hipocrisia ou maldade". E justifica em seguida: "Não se trata de um livro para crianças, trata-se de um livro para todas as pessoas, inclusive crianças".

Defende o escritor que a ficção foi inspirada na experiência pessoal de Saint-Exupéry enquanto piloto "e impressionado com o terror nazi".

"'O Principezinho' é uma reclamação de liberdade, um manifesto de dignidade que funciona pela sua simplicidade aparente", atesta Hugo Mãe.

Saint-Exupéry "conta-nos acerca do fundamental de acreditar e do quanto só se justificam as oportunidades pela limpidez de caráter".

Além desta edição especial, a editora inclui este texto, traduzido e adaptado por Alexandra Guimarães, na sua coleção "Educação literária", numa capa cartonada, com o formato 13x19,5cm, também com todas as ilustrações.

A obra é aconselhada pelo Plano Nacional de Leitura, e é um dos livros mais traduzidos em todo o mundo, tendo já dado origem a jogos, séries televisivas e a vários objetos e material didático.

A narrativa é protagonizada por um pequeno príncipe, que conta a um piloto as suas aventuras, através de um conjunto de histórias ilustrativas de uma verdade moral ou espiritual. Nestas histórias, com um cenário planetário, de estrelas e planetas, intervêm outras personagens, como um rei, um geógrafo, uma raposa, uma rosa e uma serpente.

Em abril de 1943, em plea II Guerra Mundial, quando a obra foi publicada, o escritor e piloto francês, de 44 anos, partiu numa missão de reconhecimento para as tropas aliadas, ao largo da Riviera francesa, e desapareceu.

Na altura, "a sua reputação de escritor estava perfeitamente consolidada", segundo o seu biógrafo Paul Webster, tendo já recebido distinções como o Prémio Femina, por "Voo noturno", o grande prémio do romance da Academia Francesa, por "Terra de homens", e o Prémio Nacional do Livro dos Estados Unidos, pela edição norte-americana de "Wind, sand and stars".

"Era um escritor de exceção, fascinado, no plano profissional e estético, pelo uso e impacto da língua escrita", afirma Paul Webster, que realça a "concisão dos seus livros", em "Antoine de Saint-Exupéry. Vida e Morte do Principezinho", título originalmente editado no centenário do nascimento do escritor, assinalado em 2000.

"O aviador", de 1926, que marca a estreia de Saint-Exupéry, "Piloto de guerra", de 1942, "O Principezinho" e "Carta a um refém", publicado em 1944, são algumas das obras do escritor, com texto fixado e publicação definida antes da sua morte.

"Cidadela" (1948), "Cartas de juventude 1923-31" (1953), "Um sentido da vida" (1956), "Escritos de guerra 1939-44" (1982), "Manon" (2007) e "Cartas ao desconhecido" (2008) contam-se entre as obras publicadas postumamente.