Os números são da UNICEF - o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Na Somália, 732 mulheres em cada 100 mil morrem por causa durante a gestação. Apesar de ser o país com mais mortalidade materna, a realidade era ainda pior em 1990: 1210 em cada 100 mil perdiam a vida.

"É indescritível a sensação quando temos um bebé e mãe saudáveis", diz a médica Nafiso Sheikh, que trabalha do Hospital Banadir, a maior maternidade e unidade infantil da Somália, localizada na capital, Mogadíscio.

"Vim para cá para tentar reduzir esta taxa de mortalidade. Hoje, a maioria das nossas pacientes vem de áreas rurais e numa situação má. Às vezes, uma mãe fica em trabalho de parto durante três ou quatro dias e o bebé nasce morto", relata a clínica em declarações à BBC.

O cenário crítico explica-se em parte pela alta taxa de fecundidade no país: cerca de 6,6 filhos por mulher. No entanto, apenas 44% dos partos na Somália são realizados por profissionais capacitados. Por outro lado, este país enfrenta ainda uma grave crise alimentar, para além da falta de água e de um sistema sanitário deficitário.

Nafiso Sheikh conta ainda que faltam recursos no hospital onde trabalha e o atraso dos salários dos funcionários, que não são pagos desde abril, agrava o número de mortes de gestantes e bebés. "Quando se decide que a paciente precisa de ser operada, é preciso o consentimento do marido, do pai, da mãe e até mesmo do sogro. Se eles não permitem, não se pode operá-la", afirma ainda.

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