De acordo com a associação, nos últimos cinco anos, 346 crianças morreram e quase 25 mil foram internadas na sequência de acidentes.

Os dados fazem parte do Relatório de Avaliação da Segurança Infantil em Portugal divulgado hoje na conferência dos 25 Anos da APSI “Crianças mais seguras”.

Desde 1992, ano em que a APSI foi fundada, a taxa de mortalidade nas crianças e nos jovens até aos 19 anos devido a acidentes reduziu sete vezes, passando de 24 crianças por 100 mil habitantes, para 3,6 crianças/100 mil em 2015 (último ano em que há dados disponíveis), disse à agência Lusa a presidente da APSI. “Em 1992, tínhamos 662 crianças a morrer na sequência de um traumatismo ou lesão não intencional. Em 2015, temos 73”, precisou Sandra Nascimento.

Por outro lado, os internamentos reduziram cerca de três vezes desde 2000, ano em que foram internadas cerca de 14 mil crianças, número que baixou para as cerca de 4.300 em 2016.

Relativamente aos últimos cinco anos, os dados apontam que quase 350 crianças morreram e perto de 25 mil foram internadas devido a acidentes, que motivaram 100 mil chamadas para o INEM em quatro anos.

“Efetivamente os acidentes hoje têm um impacto muito menor”, mas os números ainda são “muito elevados”, disse a responsável, salientando que “continuam a ser uma causa importante de morte na infância e na juventude e a primeira causa de morte a partir dos cinco anos”.

Segundo a presidente da APSI, “os acidentes continuam a acontecer mais com os rapazes”, com uma mortalidade e internamento sempre acima dos 50%.

A principal causa de morte continua a ser claramente os acidentes rodoviários, a uma grande distância da segunda causa, os afogamentos.

“Nos mais pequenos, temos como segunda causa de morte a asfixia e nos mais velhos o afogamento”, sublinhou.

Fazendo um balanço dos últimos 25 anos, Sandra Nascimento disse que “muita coisa mudou” e que hoje se pode “dizer com confiança que as crianças estão mais seguras”.

“Há muito menos crianças que morrem por acidente, há muito menos crianças que são internadas e isto representa uma poupança de anos de vida potencial perdida e ganhos em saúde”, comentou.

Por detrás de “todos estes ganhos”, estão “muitas medidas, muito boas práticas, muitas políticas e muitas estratégias que foram adotadas ao longo destes anos.

Contudo, ainda há muito por fazer, disse Sandra Nascimento, lembrando que 80% dos acidentes são evitáveis.

Nesse sentido, defendeu a criação de “uma estratégia global para a redução do impacto dos traumatismos e lesões não intencionais”, com o envolvimento de vários ministérios.

Portugal também devia ter “um sistema de informação integrado e acessível” sobre estes dados, que hoje “são difíceis de obter” e de integrar, para que possa haver uma melhor intervenção.

A APSI também considera que seria importante criar “o dia nacional da segurança infantil” para que este problema de saúde pública “tenha o seu lugar próprio”.

“É um problema que é muito fácil de resolver, mas que precisa de estar identificado como tal, e o dia permitiria mobilizar recursos e dar mais visibilidade à situação”.

Também “é urgente” criar condições de maior acessibilidade junto das escolas e zonas residenciais para permitir “uma mobilidade mais autónoma das crianças”, defendeu ainda.