As conclusões resultam de um inquérito sobre comportamentos aditivos em jovens internados nos centros educativos do país realizado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) em parceria com a Direção-Geral de reinserção e Serviços Prisionais.

O estudo mostra que os jovens internados nos centros educativos têm prevalências de consumo e de consumo nocivo de bebidas alcoólicas e de substâncias ilícitas superiores às dos jovens que frequentam o ensino regular público.

Demonstrativo disso é o facto de 93% destes jovens já terem tomado bebidas alcoólicas e 89% já terem consumido drogas, sendo que no ano anterior ao internamento, 82% beberam álcool e 80% consumiram drogas.

No mês imediatamente anterior ao internamento, 72% dos jovens tinham consumido bebidas alcoólicas e 68% tinham-se drogado.

As bebidas alcoólicas preferidas por estes jovens são as espirituosas, seguidas da cerveja, enquanto a principal droga de eleição é a cannabis, seguida de estimulantes, como as anfetaminas e o ecstasy.

Assim, o inquérito revelou que um ano antes do internamento 74% beberam espirituosas, 66% beberam cerveja, 79% consumiram cannabis e 22% consumiram drogas estimulantes (13% consumiram estas drogas um mês antes de entrarem no centro).

O estudo destaca que a escolha das substâncias psicoativas feita por estes jovens não é muito diferente da que é feita pelos alunos do ensino regular. O que difere é sobretudo a prevalência de consumo, que é muito superior, principalmente no que respeita à cannabis.

O inquérito conclui que os jovens dos centros educativos têm uma prevalência de consumo de cannabis semelhante á das bebidas alcoólicas, sendo que no mês anterior ao internamento “pelo menos metade dos jovens” apresentava padrões de consumo de “risco acrescido”: consumo diário de cannabis (46%), beber até ficar “alegre” (53%), consumo “binge” - mais de cinco bebidas numa só ocasião para obter embriaguez rápida – (45%) e embriaguez (29%).

Mais de seis em cada dez internados assumiu que consumia mais do que uma substância na mesma ocasião, sobretudo álcool e canábis, e mais de metade já teve problemas relacionados com o consumo de álcool ou drogas, principalmente envolvimento em atos de violência, mas também problemas graves de rendimento na escola ou no trabalho, e problemas de comportamento em casa.

Apesar de se verificar uma “importante redução” de consumos com o início do internamento, 37% dos jovens admitiram que já consumiram álcool após o início do internamento e 36% que já consumiram droga.

No entanto é expressiva a diferença de consumos dentro e fora do internamento, avaliada através de alguns jovens que têm autorização de saída ao fim de semana, férias ou para frequência de escola/estágios.

Assim, concluiu-se que 34% haviam consumido bebidas alcoólicas fora do Centro Educativo, ao passo que dentro do centro apenas 10% o tinha feito. Por sua vez, 26% já haviam consumido drogas fora e 23% dentro.

Quanto a consumo mais recente, no último ano 26% dos jovens tomaram bebidas alcoólicas durante o internamento, e 34% consumiram substâncias ilícitas.

No último mês, foram 23% os jovens que consumiram álcool e 19% os que consumiram ilícitas, sendo que em internamento a cerveja e as espirituosas se mantêm como as principais bebidas alcoólicas ingeridas, enquanto o consumo de drogas se restringe à cannabis.