No Dia Internacional da Convenção dos Direitos da Criança, as Aldeias de Crianças SOS lançam, em mais de 60 países, uma campanha mobilizadora, para enfrentar o grave problema do elevado número de crianças que crescem sozinhas, sem cuidados parentais.

A mensagem de alerta e sensibilização é transmitida através de um vídeo que apela a uma ação conjunta. Porque como dizia o fundador das Aldeias de Crianças SOS, Hermman Gmeiner, “todas as crianças são nossas crianças.”

Algumas crianças são abandonadas pelos pais, outras rejeitadas pelas suas comunidades e outras ainda negligenciadas pelo Estado. Se os direitos e necessidades de uma criança não são assegurados, então a criança está sozinha.

Estas crianças e jovens podem já ter um ambiente familiar, mas correm o risco de o perderem, ou podem não ter família e apresentar essa necessidade. As Aldeias de Crianças SOS acreditam que todas as crianças e jovens necessitam de um ambiente familiar acolhedor e protector e de uma comunidade de apoio que valorize e potencie os seus talentos e competências, que as respeite enquanto pessoas e que as eduque visando a sua integração social positiva.

As estatísticas mostram que este número de crianças sem cuidados parentais está a aumentar. Em Portugal, em 2015, foram retiradas às suas famílias 8.600 crianças, mais 130 que no ano anterior.

Para além destes casos, milhões de outras crianças em todo o mundo estão em risco de perder os cuidados parentais, devido a fatores de risco como a pobreza (49% dos casos), problemas de saúde de um dos progenitores e outros fatores.

As Aldeias de Crianças SOS trabalham para que as crianças cresçam em família, com amor, respeito e dignidade. Os principais programas SOS são nas áreas da Prevenção e da Proteção, que representam 61% de todo o trabalho da organização e que, em 2015, ajudaram mais de 553.000 crianças.

Na área da Prevenção, o Programa de Fortalecimento Familiar intervém com famílias biológicas com crianças em risco e capacita-as para um cuidado protetor do bem-estar das suas crianças, prevenindo a necessidade de institucionalização.

Quando a criança não tem família ou é retirada da família de origem, existe o Programa de Proteção que consiste na recriação de famílias SOS, nas mais de 500 Aldeias SOS em todo o mundo. As crianças são integradas numa casa, com uma mãe e irmãos, onde reconstroem relações familiares e de amizade. As Aldeias de Crianças SOS não separam irmãos biológicos.

Atualmente existem três Aldeias SOS em Portugal, situadas em Bicesse (Cascais), Gulpilhares (V.N.Gaia) e na Guarda e o Programa de Fortalecimento Familiar em Rio Maior, Guarda e Oeiras, acolhendo e acompanhando um total de cerca de 250 crianças.

As Aldeias de Crianças SOS estão presentes em 134 países com mais de 2.000 programas que dão apoio a mais de 550.000 crianças e integram a ONU desde 1995, como ONG consultiva junto do Conselho Económico e Social das Nações Unidas. Foram já nomeadas para o Prémio Nobel da Paz 14 vezes.

Mas qual o impacto desta intervenção?

Quando uma criança ou jovem que está sozinho recebe o cuidado e apoio que necessita e a que tem direito, ela deixa de estar sozinho, e essa mudança é visível – nos seus olhos, sorriso, atividades, resiliência e no desenvolvimento da sua vida.

A nível internacional, as avaliações de impacto mostram que cerca de 80% das crianças que passaram por programas SOS são bem-sucedidas em muitas dimensões da vida, incluindo a segurança alimentar, a saúde, educação, inclusão social e bem-estar social e emocional.

Comunidades com programas SOS ativos apresentam melhorias na consciência dos direitos e necessidades das crianças, na sua salvaguarda, qualidade de cuidados infantis alternativos e progresso para a sustentabilidade e resiliência.

Em Portugal, já cresceram mais de 500 pessoas nas três Aldeias SOS, nos últimos 50 anos. Atualmente, estão acolhidas cerca de 120 crianças, em 17 casas, entre as quais existem 28 fratrias, e com média de idades de 14 anos. A taxa de sucesso escolar das crianças e jovens acolhidas no nosso país é de 88%, estando 92% a frequentar a escola e 7% em busca de emprego ou já a trabalhar.

O apoio regular e próximo permitirá não só garantir a sustentabilidade financeira dos programas das Aldeias de Crianças SOS e assumir os compromissos actuais de vida com todas as crianças, jovens e famílias apoiadas, mas também chegar a mais crianças abandonadas ou negligenciadas que precisam de uma intervenção urgente.