O projeto, financiado pela Câmara Municipal de Loures, foi criado no início deste ano letivo, estando presente em 21 escolas básicas e em todos os infantários do concelho, beneficiando crianças com necessidades educativas especiais e todas as do pré-escolar.

Quinzenalmente, um grupo de monitores do Conservatório D'Artes de Loures desloca-se a várias escolas do concelho para tentar estimular sensorialmente, através da música, um grupo de crianças que sofre de doenças do foro cognitivo e motor, como o autismo, paralisia cerebral ou síndrome de Down.

Um dos estabelecimentos de ensino onde funciona este projeto é a escola básica da Portela, no qual participam sete crianças, todas autistas.

Durante as sessões, de cerca de uma hora, as crianças sentam-se num colchão, juntamente com os monitores do Conservatório D'Artes de Loures, e são "convidadas" a participar em jogos musicais e a repetir sons e gestos.

Entre sorrisos e abraços aos monitores, a maioria das crianças já vai reagindo com mais facilidade e espontaneidade aos estímulos, embora algumas ainda demonstrem resistência.

Apesar disso, os responsáveis do projeto, que se iniciou há pouco mais de um mês, fazem um balanço positivo, realçando o facto de se notar já uma evolução no comportamento e na maneira como as crianças reagem aos estímulos do exterior.

"Parece mentira, mas um simples som pode fazer a diferença. Notamos que estas sessões têm melhorado a concentração das crianças, que vão mais calmas para as aulas. Tem sido uma experiência extremamente agradável e única", disse a agência Lusa Mónica Marques, do Conservatório D’Artes de Loures.

Mónica Marques ressalvou que a abordagem dos monitores em cada uma das escolas "é diferenciada e sempre adaptada às necessidades" de cada uma das crianças: "A abordagem é sempre diferente, mas, no geral, trazemos instrumentos, vídeos, cantamos e fazemos jogos".

No mesmo sentido, a coordenadora do ensino especial na escola da Portela, Conceição Domingues, destacou a importância da musicoterapia em crianças com limitações cognitivas.

"Estes meninos têm de ser muito estimulados. Têm um comportamento muito instável e as rotinas são muito importantes. Não temos dúvidas de que este tipo de intervenção vai melhorar a relação com as pessoas e treinar competências sociais", sublinhou.

Já a vereadora da Educação na Câmara de Loures, Maria Eugénia Coelho, que tem assistido a algumas sessões de musicoterapia, realçou a importância e os benefícios deste projeto, no presente e no futuro, para as crianças que o frequentam.

"O objetivo é que estas aulas possam potenciar as suas capacidades e amenizar algumas das suas limitações, nomeadamente ao nível da comunicação e do desenvolvimento motor e emocional. Acreditamos que a música pode ser um elemento capacitador e vir a facilitar a inclusão destas crianças na sociedade", apontou.

Maria Eugénia Coelho destacou, ainda, o facto de este projeto ter já uma visibilidade internacional, uma vez que integra um programa europeu onde participa a Câmara de Loures, juntamente com os municípios de Grevesmuhlen e Ahrensbok (Alemanha), Laxa (Suécia), Nagymaros (Hungria) e Grzmiaca (Polónia).

O programa europeu "In-Town" pretende construir uma rede de parcerias e sinergias que privilegia a inclusão de cidadãos portadores de deficiência no espaço europeu.

"Os parceiros deste projeto estiveram em outubro em Loures e puderam ver o trabalho e as boas práticas que a Câmara tem levado a cabo na inclusão de pessoas com deficiência, quer através da música, quer do desporto", congratulou-se.