A família da rapariga, Zahra, disse que a adolescente foi torturada e incendiada pela família do seu marido, por questões de vingança familiar, segundo as autoridades locais da província central de Ghor.

Os familiares do marido da adolescente insistem que a morte foi um auto-sacrifício. Zahra, grávida de quatro meses, foi também vítima de baad - casamento forçado para resolver uma disputa familiar - uma prática que prevalece nas zonas rurais do Afeganistão.

A sua morte na semana passada causou ondas de choque no Afeganistão, com grupos de direitos humanos a pedir o fim dos casamentos infantis. "É uma situação desoladora na qual Zahra enfrentou um sofrimento incompreensível", disse a organização Save the Children, em comunicado.

"O caso de Zahra é um exemplo extremo daquilo que pode acontecer quando uma criança é forçada a casar-se, contudo nós sabemos que o seu casamento não é único - a prática é muito comum em várias partes do país", lia-se também no comunicado.

Aumento dos casamentos infantis nos últimos anos

Os casamentos infantis estão a aumentar no Afeganistão, de acordo com a Comissão Independente de Direitos Humanos (AIHRC) naquele país.

"Nalgumas regiões, devido à insegurança e pobreza, as famílias casam as suas filhas numa idade muito precoce para se livrarem delas", explicou a chefe da AIHRC Sima Samar. 

A lei civil afegã estabelece a idade legal para casar aos 16 anos para as raparigas, mas cerca de 15 por cento das mulheres afegãs com menos de 50 anos casaram antes do seu 15.º aniversário e quase metade casaram antes dos 18 anos, segundo a Save the Children. "Isto é uma grave violação dos direitos fundamentais das crianças", afirmou Sima Samar.

"Zahra e tantas outras crianças que casaram numa idade muito jovem foram privadas do seu direito à educação, segurança e à possibilidade de fazerem escolhas em relação ao seu futuro", continuou.

Em novembro do ano passado, uma jovem mulher foi apedrejada até à morte em Ghor, depois de ter sido acusada de adultério.

E em março do último ano, uma mulher chamada Farkhunda foi barbaramente espancada e incendiada no centro de Cabul depois de ter sido falsamente acusada de queimar um exemplar do Alcorão.

Estes casos desencadearam protestos em todo o país e chamaram a atenção mundial para a violência que as mulheres afegãs enfrentam.