SAPO Lifestyle (SL): Como se lida com a doença de uma criança?
Mariana Carreira (MC): Na Make-A-Wish Portugal apenas se lida com a doença da criança no início do processo da candidatura a um desejo. A doença da criança é um dos critérios de elegibilidade e por isso temos que inevitavelmente conhecer o estado clínico da criança. A partir do momento em que verificamos que a criança sofre de uma das doenças elegíveis pela Make-A-Wish, focamos todos os nossos pensamentos e esforços em tudo o que podemos levar de positivo para que aquela criança não tenha de lidar com a doença durante pelo menos um momento.

SL: Como é que uma família com uma criança doente pode pedir a vossa ajuda?
MC: A maior parte das famílias chega até à Make-A-Wish através do hospital, no entanto, qualquer criança pode efetuar a sua candidatura a um desejo através do site www.makeawish.pt. O formulário "Candidatura a um Desejo" que deve ser devidamente preenchido e assinado pelos encarregados de educação da criança e assinada pelo médico assistente. Posteriormente, é verificada a elegibilidade da criança tendo em conta os critérios da idade e da doença. Para serem elegíveis pela Make-A-Wish Portugal, as crianças devem ter entre os 3 e os 18 anos (a candidatura deve entrar antes da criança completar os 18 anos) e sofrer de uma doença que conste na lista de doenças elegíveis pela Make-A-Wish. As respectivas doenças têm como característica transversal colocarem em risco a vida da criança.

SL: A Make-A-Wish está em Portugal há mais de sete anos. Qual é o grande desafio da instituição?
MC: Atualmente o grande desafio da Make-A-Wish é ter capacidade de resposta a nivel financeiro e de recursos humanos para realizar os desejos de todas as crianças elegíveis pela Make-A-Wish em Portugal.

SL: Quantos desejos já realizaram? 
MC: Até hoje a Make-A-Wish já realizou 457 desejos, 135 dos quais durante o ano de 2014. Estamos a caminho dos 150 desejos realizados em 2014, o que significa um constante crescimento da nossa partilha de alegria com crianças gravemente doentes.

SL: Como se lida com a perda de uma criança no seio familiar? É possível ultrapassar a dor?
MC: Apesar de lidarmos diariamente com famílias que passam por este tipo de situações não conseguimos imaginar a dor de quem sente a perda de uma criança. É algo muito pessoal e que apenas quem passa diretamente por essa situação conhece a forma e a possibilidade de ultrapassar uma dor como esta. Felizmente existem muitas crianças que recuperam e superam estas fases mais difíceis.

SL: É difícil emocionalmente dirigir uma organização com esta?
MC: Na Make-A-Wish aprendemos diariamente a gerir as nossas emoções valorizando todos os aspetos positivos que retiramos de cada situação. Não considero emocionalmente difícil, considero emocionalmente gratificante. Diariamente lidamos com crianças e famílias com uma força imensurável que nos ensinam a repensar muitos valores e a gerir as nossas emoções de uma forma muito positiva.

SL: Qual é o papel do voluntário na Make-A-Wish?
MC: O papel de um voluntário na Make-A-Wish é essencial para a existência e continuação da missão da instituição. Actualmente, contamos com o apoio de 227 voluntários espalhados de Norte a Sul do país e cuja principal função é serem realizadores de desejos. São os voluntários Make-A-Wish que conhecem a criança, conhecem o seu maior desejo e que posteriormente operacionalizam a realização do desejo. Apesar da principal tarefa dos nossos voluntários ser a realização de desejos, são também os nossos angariadores de fundos. A angariação de fundos é também uma vertente muito importante do voluntariado na Make-A-Wish Portugal e crucial para o sucesso da realização de mais desejos.

SL: Como funciona a vossa parceira com os hospitais?
MC: A Make-A-Wish atingiu recentemente a cobertura nacional, trabalhando lado a lado com todos os hospitais distritais do país. O trabalho da Make-A-Wish Portugal implica uma sinergia regular com o apoio hospitalar dado o estado de saúde das crianças elegíveis pela Make-A-Wish. Para além da autorização médica para a realização de desejos, atualmente a maioria dos desejos que chegam até à Make-A-Wish são assinalados por profissionais de saúde que recomendam nos hospitais a Make-A-Wish às famílias. A parceria entre os hospitais gira em torno destas duas vertentes.

SL: E qual é o seu desejo para a Make-A-Wish?
MC: O maior desejo da Make-A-Wish é conseguir deter todas as condições e meios para realizar os desejos de todas as crianças que sofram de uma doença elegivel pela Make-A-Wish Portugal.