Dos 1.008 pedidos que a rede recebeu entre janeiro e novembro, 448 (44,44%) foram de pessoas que estavam empregados, segundo dados da rede, uma iniciativa da Confederação Nacional das Associações de Famílias (CNAF).

Houve ainda 399 contatos de pessoas desempregadas (39,58%), 93 de pensionistas (9,23%) e 68 de empresários (6,75%).

Das pessoas assistidas, 488 eram casadas (48,41%), 217 divorciadas (21,53%), 179 solteiros (17,76%), 103 em regime de união de facto (10,22%) e 21 viúvas (2,08%).

Na maioria dos casos (627) as famílias apresentavam rendimentos suficientes para uma solução financeira, enquanto 381 casos apontavam para a insolvência.

Apesar de poderem resolver o seu problema, a esmagadora maioria das famílias opta por adiar a sua solução.

Das 1.008 famílias que procuraram ajuda, apenas 3,5% optaram por avançar para a renegociação de dívida, o que é uma “percentagem baixíssima”, lamentou o diretor da rede.

“As pessoas contactam-nos já no fim da linha, não conseguem mais crédito e estão numa situação de desespero, mas quando as informamos que não fazemos crédito, mas sim uma negociação com os credores em tribunal, ficam muito reticentes”, adiantou Hélder Mendes.

E não avançam com o processo devido ao receio que têm de ir para tribunal: “Existe um preconceito enorme com os processos judiciais e, então, preferem ignorar o problema” ou “continuar a acreditar que existem soluções fáceis e indolores”.

Hélder Mendes adiantou que a forma que a maioria das famílias encontra para resolver o problema “é cavar um buraco para tapar outro”.

“As pessoas vão fazendo créditos para pagar créditos, vão criando uma bola de neve e, quando dão por ela, além do crédito de habitação têm outro monstro de dívidas de créditos ao consumo”.

Mas a solução não passa por pedir mais créditos, mas por fazer “o devido saneamento financeiro”, através da insolvência (nos casos em que não há rendimento) e pela reestruturação da dívida.

No caso em qua a dívida é reestruturada, as pessoas ficam com os seus bens, pagam aos credores e ficam com mais dinheiro, explicou o responsável, justificando que dos 25 casos (nove de insolvência e 16 de reestruturação de dívida) entrados em tribunal a taxa de sucesso foi quase de 100%.

Os dados referem também que o número de pedidos têm vindo a decrescer de “forma progressiva” (282 em janeiro contra sete em Novembro), uma situação que Hélder Mendes atribui ao facto de muitas pessoas desconhecerem esta assistência e não por haver menos famílias em dificuldades financeiras.

A maioria dos pedidos foi feita no distrito de Lisboa (270), seguindo-se o Porto (185), Santarém (51), Aveiro (48), Faro (45), Braga (42), Madeira (41), Coimbra (35), Leiria (29), Vila Real (22), Castelo Branco (19), Açores (18), Évora (16), Viseu (13), Beja (11), Bragança (9), Portalegre (8), Viana do Castelo (8) e Guarda (6).

A rede é composta por cerca de 150 associações e conta com especialistas que tentam dar “uma resposta célere e eficaz” na resolução do sobre-endividamento das famílias.