Ninguém gosta da palavra madrasta, padrasto ou enteado. Poucos, pelo menos, gostarão. Não soam nada bem ao ouvido e, na verdade, até a Disney ajudou a tramar as madrastas.

Por isso, esta é a oportunidade certa para colocar as perguntas para as quais tenta há muito encontrar respostas. Sem tabus.

“Trata-se de um tema muito informal, mas espero que com muito conteúdo”, declarou à agência Lusa Fernando Alvim, promotor da iniciativa, explicando que a ideia surgiu depois de várias conversas que foi tendo com amigos e convidados dos seus programas de rádio.

Apesar de não ser padrasto ou enteado e de não ter familiares na mesma situação, Fernando Alvim explicou que o facto de ter vários amigos que falam "desta problemática” fez-lhe sentido e despertou-lhe o interesse para aprofundar o assunto, já que é “um tema do qual não se fala muito”

O radialista adiantou à Lusa que chegou à conclusão, juntamente com outras pessoas, de que “a Disney tem uma cota de responsabilidade na forma e no tom depreciativo com que as madrastas ficaram para o mundo”.

Esse é precisamente um dos temas do painel de abertura do Congresso: “Porque é que a Disney tramou as madrastas?”, e para responder a essa questão foram convidados, entre outros, os psicólogos António Alvim e Joana Amaral Dias.

Fernando Alvim distinguiu que, tanto as princesas Cinderela, como a Branca de Neve, tiveram “duas madrastas malévolas” e que nos filmes de animação de Walt Disney foram sempre representadas “como pessoas más”, imagem que terá passado para a sociedade.

Meio a brincar, meio a sério, Fernando Alvim disse que pretende trazer a questão para a ordem do dia, destacando que, "as próprias madrastas – mais que os padrastos – tentam disfarçar a conotação negativa do termo, encontrando subterfúgios vários, entre os quais, assinando como ‘boadrasta’, por exemplo.

“Por isso, gostava também de tentar arranjar alternativas para mudar os nomes. A minha proposta é bastante fraturante: resolvia um problema e criava outro”, realçou, explicando a ideia: "em vez de usar as palavras 'madrasta', 'padrasto' ou 'enteado' – de conotações mais negativas – passaria a usar-se outras mais ‘friendly’, como 'madrinha', 'padrinho' ou 'afilhado'.

“Mas isso ia criar um outro problema, porque 'madrinha' e 'padrinho' significam outra coisa, embora já sem o sentido de antigamente. 'Afilhado' tem a ver com filho: ‘Sounds good’ [soa bem]. 'Padrinho' faz lembrar pai, assim como 'madrinha' mãe”, considerou, lembrando que era entendido que os padrinhos de uma criança ficavam encarreguados da educação desta, caso acontecesse alguma coisa a seus pais.

O evento decorre no sábado, 29 de novembro, às 11h00 no Torreão Poente do Terreiro do Paço, em Lisboa.

A entrada é livre.

O Congresso das Madrastas, Padrastos e Enteados é uma ideia original de Fernando Alvim, produzida pela Cego Surdo e Mudo, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.

Eis o programa:

11.00h | Painel 1

Tema: “ Porque é que a Disney tramou as Madrastas?”

Moderador:
Fernando Alvim

Convidados:
Joana Amaral Dias (psicóloga), Manuel João Vieira (artista), António Alvim (Psicólogo) e Bernardo Gaivão (Pordata), Liliana Valpaços ( Editora)

15.00h | Painel 2

Tema: “A vida é Madrasta”

Moderadora:
Xana Alves (Radialista)

Convidados:
Catarina Furtado (apresentadora de televisão), Ana Soares (autora do blogue, “a vida é madrasta”), Paula Cordeiro (investigadora), Isabel Parreira (autora do livro “A Madrasta”)

16.30h | Painel 3

Tema: “Tu não és minha Mãe”

Moderador:
Fernando Alvim

Convidados:
Filipa Martins (escritora), João Cepeda (Jornalista), Luanda Cozetti (cantora), Cláudia Piloto (empresária), Rute Sousa Vasco ( Jornalista)