Segundo o inquérito "Health Behaviour in School-aged Children" (HBSC) feito para a Organização Mundial da Saúde e divulgado esta terça-feira, os jovens portugueses têm “uma pior perceção da sua performance escolar, comparando com grande parte dos países” analisados, num total de mais de 40 estados da Europa e da América do Norte.

Em Portugal foram inquiridos mais de 6.000 alunos dos 6.º, 8.º e 10.º anos, tendo as últimas entrevistas ocorrido em 2014.

Os jovens portugueses têm tradicionalmente uma pior perceção da sua performance escolar, mas ainda assim esta situação tem melhorado ligeiramente.

Em média, os estudantes portugueses referem “grande stress” com os trabalhos da escola, sobretudo em comparação com os outros países.

Portugueses gostam mais da escola do que a média

Já quanto ao gosto pela escola, os adolescentes em Portugal mostram melhor apreciação do que a média dos restantes países, mas o seu gosto centra-se sobretudo no convívio social e não na vertente académica.

Grande parte destes dados nacionais tinha sido já divulgada o ano passado, mas é possível agora aos responsáveis pelo projeto HBSC fazer uma comparação com as conclusões obtidas pelos outros países nalguns pontos.

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No inquérito português, o número de jovens que afirmava sentir fome por não ter comida em casa tinha aumentado em 2014, um fenómeno que se tinha mantido estável desde 2006.

Nos dados divulgados no ano passado pelos responsáveis portugueses, 99% dos inquiridos relatavam ter boa nutrição, mas 80% ingeriam comida não saudável, 75% afirmavam comer por vezes demasiado e 63% reportavam comer “o que calha”.

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O mesmo inquérito revelava que um em cada seis adolescentes portugueses entre os 13 e os 15 anos se magoaram a si próprios de propósito mais do que uma vez em 2014, a maioria deles nos braços.

As auto-mutilações apresentavam uma tendência crescente, com 15,6% dos adolescentes do 8.º e 10.º anos a referirem ter-se magoado de propósito mais do que uma vez e 20% disseram tê-lo feito pelo menos uma vez.

Como positivo, o estudo HBSC aponta para um decréscimo do consumo de álcool, tabaco e substâncias ilegais, uma realidade que é comum aos adolescentes europeus.

Quanto à sexualidade, o número de adolescentes portugueses que já teve relações nas idades abarcadas pelo estudo tem vindo a diminuir desde 2006, o que aponta para que comecem mais tarde a vida sexual (um dado partilhado com as outras realidades europeias).

Apesar disso, em 2014 houve uma diminuição do uso do preservativo e um aumento das relações sexuais associadas ao consumo de álcool.

Entre as razões para não usar o preservativo, os jovens referem como motivos centrais “não ter pensado nisso”, “não ter preservativo consigo”, “os preservativos serem muito caros” ou “ter bebido álcool em excesso”.

“Em Portugal foi ainda preocupante que nem todos os adolescentes que já referem ter tido relações sexuais consideram que tiveram na altura em que quiseram e decidiram”, refere a coordenadora nacional do projeto HBSC, Margarida Gaspar de Matos, apontando para a necessidade de a educação sexual sair do âmbito da prevenção de risco e passar a abordar a sexualidade em termos de competências pessoais, de equidade de género e de direitos humanos.