Em declarações à agência Lusa, Vítor Alemão, pai de um rapaz de 18 anos que tem o mesmo nome de um dos jovens identificados pelas autoridades afirmou que foi alertado pela escola do filho para a situação, confirmou-a na rede social Facebook e acabou por denunciar o caso à PSP.

"Fui contactado pela escola a dizer que o meu filho não estava bem porque nas redes sociais andavam a circular informações e até ameaças de que seria um dos envolvidos na situação. Fiquei surpreendido e preocupado, começaram a surgir ameaças de todo o lado, comprovei que não havia nada a envolver o meu filho e fui à polícia esclarecer a situação", afirmou.

Os insultos e ameaças, algumas físicas, estenderam-se a uma irmã do visado, com 23 anos e aluna do ensino superior, que está ausente da Figueira da Foz: "Interrogo-me porque é que a minha filha começou a receber ameaças do mesmo tipo", declarou.

Se a filha ignorou o caso, o filho de Vítor Alemão optou por publicar um comunicado no Facebook a esclarecer que não estava envolvido no vídeo que mostra duas adolescentes a agredirem um rapaz, numa rua da Figueira da Foz, durante cerca de 13 minutos, perante a passividade de outros jovens.

"O que mais me preocupa nisto é alertar todos os pais. Temos de ser um bocadinho frios perante estas reações e principalmente acreditar nos nossos filhos, temos de lhe saber dar educação e acreditar neles", advogou.

Apesar do desmentido, perante o impacto que o caso teve do vídeo que já teve 2,8 milhões de visualizações, o filho "hoje não foi descansado para a escola".

"Apesar do apoio dos amigos, foi um bocadinho com medo e receio. Pode sempre haver alguém que não perceba que não tem nada a ver com aquilo", disse Vítor Alemão.

Fonte da PSP confirmou que o pai se deslocou à divisão policial da Figueira da Foz e foi aconselhado, caso as ameaças no Facebook não parassem, a formalizar uma queixa por denúncia caluniosa ou difamação.

"Até ver, a situação evoluiu para bom termo. Mas se as ameaças continuarem vou ter de ter uma ação, porque isto não pode ficar assim. Apesar de ser difícil chegar a culpados, pelo menos que as pessoas que se servem das redes sociais tenham cuidado nas reações que têm perante coisas de que não têm minimamente conhecimento", argumentou.

"Muita gente está revoltada, eu também estou. Mas temos de ter cuidado, não podemos estar a criar graves problemas a pessoas que não têm culpa", disse Vítor Alemão.

Também uma jovem de 19 anos, que tem o mesmo nome da principal agressora, uma rapariga de 15 anos, foi alvo de ameaças no Facebook. A rapariga publicou um comentário a negar qualquer envolvimento e declarou a intenção de apresentar queixa na PSP contra quem a confundiu com a rapariga.

Nos últimos dois dias surgiram no Facebook diversas páginas de grupos e comunidades de utilizadores sobre o caso, uns a apelarem a que seja feita justiça, outros a insultarem e ameaçarem os agressores.

A própria página de apoio ao jovem agredido, que conta com mais de 16.000 apoiantes, tem maioritariamente publicado fotografias (incluindo a identificação visual de seis dos oito jovens envolvidos nas agressões), insultos e comentários críticos e ligações para as suas páginas em redes sociais (a maioria das quais já não existe).

Também um evento criado para "mostrar a força" dos que se opõe aos jovens envolvidos nas agressões, que contava com 19 mil adesões, foi apagado.

A PSP da Figueira da Foz reforçou a segurança nas imediações de estabelecimentos de ensino da cidade - onde estudam o agredido, um jovem de 17 anos e a maioria dos oito agressores, seis raparigas e dois rapazes com idades entre os 15 e os 19 anos - situação que se deverá manter nos próximos dias para prevenir eventuais problemas, disse a fonte policial.