As crianças que são criadas à sombra de um irmão com problemas de saúde ou deficiências significativas podem experimentar mais problemas comportamentais e emocionais, sugere um novo estudo.

 

Não é que os pais não estejam preocupados com os seus outros filhos, notam os investigadores. Mas as tarefas e os tratamentos exaustivos, que consomem bastante tempo e por vezes caros que estão associados ao cuidar de de uma criança com tais desafios podem desviar a atenção, a energia e os recursos dos irmãos sem problemas.

 

O estudo descobriu que os irmãos saudáveis de crianças com deficiência tiveram mais problemas com as relações interpessoais, problemas psicológicos, questões de integração escolar e de fraco envolvimento em atividades desportivas e de lazer do que crianças sem tal tipo de irmãos.

 

O problema, especulam os investigadores, encontra-se em parte no próprio estilo de vida da família. «O que se passa nessas famílias? Há stresse financeiro, psicológico e emocional», explicou o autor do estudo, Anthony Goudie, professor assistente do departamento de pediatria da Universidade de Arkansas, nos Estados Unidos da América.

 

«Os pais têm de reduzir o horário de trabalho, passar bastante tempo a coordenar o cuidado, levar o filho a consultas e normalmente não têm tempo ou energia para se relacionarem de forma eficaz com o filho saudável.»

 

Porque os pais tendem a gastar tanto tempo focados em lidar com a criança com deficiência, podem ignorar as questões que estão a ser construídas para os seus outros filhos, observou o especialista, já que eles podem “desaparecer” em comparação com o que a criança com deficiência está a enfrentar.

 

Quando os problemas não são identificados, a probabilidade de serem tratados é baixa. «Considero que o aconselhamento e a intervenção são mais acessíveis predominantemente em crianças de famílias onde os pais não estão fixados numa determinada criança com deficiência», disse Anthony Goudie.

 

Irmãos em famílias maiores, onde uma criança saudável tem um outro irmão ou irmã igualmente saudável parecem sair-se melhor: «Se um irmão tem outro irmão com quem interagir, parecem que se adaptam melhor», afirmou o investigador.

 

Isto sugere que ter outras pessoas em casa para conversar e brincar pode ajudar a desenvolver as habilidades sociais e a confiança necessárias para ter sucesso fora de casa – na sala de aula e no recreio, por exemplo.

 

O estudo, publicado na edição de agosto da revista Pediatrics, baseou-se em dados do Medical Expenditure Panel Survey, utilizado pela Agência dos EUA de Investigação de Saúde e Qualidade para inquirir aleatoriamente famílias de todo o país.

 

Além de recolher informações gerais sobre cada família – incluindo as condições de saúde, o acesso aos cuidados primários de saúde, emprego e rendimentos – a investigação incluiu as avaliações dos pais sobre o nível de deficiência dos filhos.

 

 

Maria João Pratt