A análise vai ser realizada em componentes específicos da leitura, da matemática e da música, bem como em índices e processos globais, nomeadamente no quociente de inteligência (QI) e no funcionamento executivo, lê-se num comunicado sobre o estudo.

Em depoimento à Lusa, a investigadora São Luís Castro, responsável pelo projeto, indicou que o que se pretende é "perceber se as funções executivas - controlo da atenção e capacidade de mudar o comportamento em função dos resultados - são o factor de mudança", em crianças com 8 e 9 anos.

O objetivo do "Projeto Impacto" é clarificar a relação entre os três domínios cognitivos, bem como "destrinçar os efeitos do treino da aptidão prévia", acrescenta a nota informativa.

Na primeira fase da investigação, iniciada em janeiro de 2015, foram recolhidos dados comportamentais e de neuroimagem, para investigar os correlatos neuroestruturais associados ao comportamento das crianças.

"Recorremos a ressonância magnética para obter indicações sobre a estrutura e a volumetria das diferentes zonas cerebrais", explica a investigadora.

Após este período, as crianças foram iniciadas nos programas de treino musical, com enfoque na prática instrumental e audição ativa, e desportivo - atividades coletivas, basquetebol e exercícios de coordenação e motricidade.

Outro dos objetivos passa por "melhorar a perceção sobre os benefícios do treino musical e desportivo como ferramentas de remediação de dificuldades de aprendizagem ao nível da leitura e dos processos matemáticos", informa ainda o comunicado.

A segunda fase de avaliação do estudo, financiado pela Fundação Bial em 50 mil euros, e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), vai decorrer entre abril e junho de 2016, mantendo-se a recolha de dados até finais do mesmo ano.

O "Projeto Impacto" está a ser é desenvolvido pelo grupo de Neurocognição e Linguagem do Centro de Psicologia da Universidade do Porto, e pelo Structural Brain Mapping Group, Universidade de Jena, na Alemanha.

A investigação tem como parceiros o Serviço Médico de Imagem Computorizada da Boavista (SMIC) e a Câmara Municipal de Matosinhos, bem como investigadores da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Porto (ESMAE) e da Faculdade de Desporto da UPorto (FADEUP).

Segundo São Luís Castro, os resultados do estudo, no qual estão envolvidos cerca de uma dezena de investigadores, devem ser apresentados em 2017, embora algumas informações possam ser divulgadas antes, tendo em conta o primeiro conjunto de dados recolhidos (antes do início dos programas de treino).