“É bom frisar que este veto será derrotado, em breve, na Assembleia da República, que voltará a aprovar a lei com a maioria alargada, tal como da primeira vez e o Presidente da República será obrigado a promulgá-la”, disse Paulo Corte-Real, em declarações à agência Lusa.

Para o responsável, o que Cavaco Silva fez não foi mais do que adiar o inevitável.

“Será, no fundo, uma honra, e que será sua, de ficar para a história como o Presidente da República que mais diplomas promulgou pela igualdade das pessoas LGBT”, apontou, acrescentando que a igualdade irá acontecer em breve.

A reação do vice-presidente da ILGA surge depois de ser hoje conhecido que o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, não promulgou o diploma que permitia a adoção por casais do mesmo sexo, tendo igualmente devolvido à Assembleia da República as alterações à lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG).

Paulo Corte-Real defendeu que é urgente reconhecer a existência de famílias e de crianças que já existem e que “estão há tempo demais à espera desse reconhecimento”.

“Obviamente que há muitas crianças que precisam dessa proteção e mais uma vez esse é claramente um interesse secundário para algumas pessoas e algumas instituições, neste caso”, criticou.

Questionado sobre se ficou surpreendido com a decisão de Cavaco Silva, o responsável apontou que “não há nenhuma razão atendível que permita por em causa a igualdade no acesso à candidatura à adoção”.

“A questão está pacificada e, neste momento, qualquer pessoa ou instituição que pretenda garantir, simultaneamente, valores constitucionais e que não pretenda instituir fraturas na sociedade, terá que compreender isso mesmo e promover legislação como esta, que permite que mais pessoas possam ter acesso à candidatura à adoção”, defendeu Paulo Corte-Real.

Entretanto, o Partido Socialista já fez saber que vai reconfirmar a aprovação no parlamento dos diplomas hoje vetados pelo Presidente da República.

"Não podemos deixar de lamentar que o Presidente da República, na reta final do seu mandato, continue empenhado em criar obstáculos e não em resolver questões de direitos fundamentais. Estamos perante vetos que não são definitivos e, por certo, a Assembleia da República vai ultrapassá-los", avisou o vice-presidente da bancada socialista Pedro Delgado Alves.