A um mês do início das aulas, há alunos que ainda desconhecem onde vão estudar. Os responsáveis das escolas apontam o dedo à divulgação de “rankings” que fizeram com que as preferências dos pais recaíssem em apenas alguns estabelecimentos.
Neste momento, “ainda está a haver movimento de processos de alunos” de umas escolas para as outras, contou à Lusa Manuel Esperança, presidente do Conselho de Escolas. Ou seja, há estudantes que ainda não estão colocados em nenhum estabelecimento de ensino.
“Os pais procuram as escolas mais bem colocadas nos "rankings", mas elas têm o seu limite e os pais não podem pensar que todos irão para o estabelecimento X”, alertou o responsável, lembrando que não havendo vaga na "preferida", os processos vão sendo transferidos por ordem de preferência, de secretaria para secretaria, até encontrar uma turma incompleta.
Desde que começaram a ser divulgadas listas com as médias das notas dos exames dos alunos, a escolha da grande maioria dos encarregados de educação começou a incidir em apenas alguns estabelecimentos de ensino, lamentou Manuel Esperança.
A agravar a situação, a crise sentida no país veio aumentar os casos de transferências de alunos do ensino privado para o ensino público.
O presidente do Conselho das Escolas diz que só no final do mês será possível traçar um quadro realista, mas neste momento já são conhecidas algumas "zonas extremamente problemáticas", como os agrupamentos escolares de Benfica ou Carnide, em Lisboa.
Adalmiro da Fonseca, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos das Escolas Públicas, acrescenta outros casos no norte do país: “Há escolas que não conseguem dar resposta a todos os pedidos. Em Gaia, por exemplo, temos uma escola a abarrotar e mesmo ao lado temos outras duas praticamente vazias. Os pais querem pôr os filhos todos nas mesmas escolas”, disse. O presidente desta associação não tem dúvidas de que “o ensino público vai conseguir dar resposta a todos os meninos”, mas admite que possam surgir "problemas pontuais". Adalmiro da Fonseca lamenta o "lado pior dos famosos 'rankings', que valem o que valem”.
A própria Confederação Nacional de Associações de Pais (CONFAP) reconhece que as direções escolares não podem fazer mais. Albino Almeida, presidente da CONFAP, lembra que o direito de liberdade de escolha da escola consagrado na lei não pode ser visto de forma cega, como acontecia há poucos anos.
"Houve uma altura em que tínhamos escolas na zona de Lisboa, Porto e Coimbra com uma ocupação de 170 por cento, porque os pais pareciam preferiam ter os filhos a estudar no telhado de uma boa escola do que numa escola menos considerada", criticou Albino Almeida.
Hoje, sublinha o responsável da CONFAP, os responsáveis das escolas estão obrigados a respeitar a limitação máxima das escolas e todos as situações extra têm de ser autorizadas pelas direções regionais de educação.
Fonte: Lusa
16 de agosto de 2011