O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, defendeu esta sexta-feira a aposta nos agentes locais, municípios e organizações, para acompanhar “mais de perto” os jovens desempregados e ajudá-los a entrar no mercado de trabalho.

Vieira da Silva participou na quinta-feira e hoje numa reunião, em Estocolmo, na Suécia, promovida pela ministra do Trabalho sueca, Ylva Johansson, de “Aprendizagem Mútua de Alto Nível” dedicada ao tema “Desenho e implementação de estratégias efetivas de apoio à integração e retenção de jovens em risco no mercado de trabalho”.

Em declarações à Lusa, o ministro adiantou que foi debatido no encontro a questão do “desemprego persistente dos jovens”, em particular dos ‘nem-nem’, jovens que já não estão na escola, não estão em formação profissional, não trabalham e muitas vezes nem procuram emprego.

“Apesar de haver aspetos comuns a incidência do desemprego juvenil é maior nalguns países, em particular em Portugal”, uma situação que teve como principal causa a crise económica e as medidas de austeridade, disse Vieira da Silva.

“Quando não há oferta por parte dos empresários de postos de trabalho, um dos setores que mais sofre são os jovens e dentro desses, aqueles que têm mais dificuldades do ponto de vista das suas qualificações”, sustentou.

Segundo o ministro, os números apontam que 12 a 17% dos jovens, entre os 15 e os 25 anos, estão fora do mercado de trabalho e do sistema educativo, não fazendo parte das estatísticas do desemprego, que apenas incluem a população ativa.

Para combater estes números, o ministro destacou uma experiência que foi “muito valorizada” no encontro e que “pode ser incentivada” em Portugal: “A valorização dos agentes locais, das municipalidades, das organizações locais, no sentido de acompanhar mais de perto estes jovens e trabalhar para que possam encontrar um caminho de entrada no mercado de trabalho”, que está vedado para muitos.

No encontro, também foi destacada a necessidade de políticas específicas para este grupo de jovens, que passam por combater o abandono escolar precoce, assegurando que todos os jovens tenham formação académica e/ou profissional.

Na reunião, o ministro disse aos seus homólogos da Alemanha, Áustria, Dinamarca, Eslovénia e Estónia que “as oportunidades de um trabalho estável e de qualidade foram significativamente reduzidas para os jovens portugueses, o que torna este grupo particularmente vulnerável quando comparado com a restante força de trabalho”.

Estas vulnerabilidades traduzem-se em “vínculos de trabalho precário e consequente insegurança e que estão diretamente ligadas aos altos níveis de emigração a que assistimos nos últimos anos”, explicou.

Uma das prioridades de Portugal passa por “reduzir a segmentação no mercado de trabalho” de forma a diminuir “as iniquidades de oportunidades entre trabalhadores jovens e a restante força de trabalho”.

Vieira da Silva lembrou à Lusa um conjunto de medidas desenvolvidas em 2014 e 2015 para estimular a entrada no mercado de trabalho destes jovens, nomeadamente "estágios profissionais" e "apoios à contratação por parte das empresas”.

A eficácia destes programas está agora a ser avaliada para verificar se os estágios dão origem “efetivamente a alternativas mais sólidas de emprego” e se os apoios à contratação “se transformam em empregos com sustentabilidade”.

“Esse é o desafio que temos pela frente para melhorar a execução das políticas de emprego”, rematou.