A realização da colónia de férias deve-se ao donativo de 100 mil euros do empresário Paulo Paiva dos Santos, que considerou que “uma colónia de férias que se realiza desde 1927 não pode morrer”.

Sem o donativo, “seguramente não seria como vai ser. Foi fundamental e libertou-nos. Teríamos de desafetar outras áreas para podermos receber algumas crianças. Com esta verba, não precisamos de nos preocupar em tirar às outras valências e não é de mais lembrar que são todas na área do social: ajudamos diariamente cerca de 600 pessoas”, frisou Emanuel Martins, presidente da instituição.

Há um ano, o responsável admitia retomar a colónia de férias em 2013, mas noutros moldes, “noutro modelo económico e com outras condições”.

A colónia de férias, no concelho de Cascais, realiza-se este ano entre 24 de junho a 30 de agosto e vai receber um total de 460 crianças de todo o país, divididas por cinco grupos, ficando cada um durante 12 dias na praia.

Do total das crianças, 100 ficam em regime aberto [vão dormir a casa] e as restantes ficam em regime fechado.

“A maioria das crianças vem referenciada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, pelas juntas de freguesia e pelas câmaras municipais. Mas se algum interessado nos enviar uma carta, será considerada a situação”, disse o presidente da Fundação.

Emanuel Martins disse ainda que foram feitas algumas obras na sede de “O Século” para terem condições “para receber condignamente as crianças” e, simultaneamente, manter as outras crianças que têm em regime de internato, Atividades de Tempos Livres (ATL) e pré-escolar.

O donativo permitiu também duplicar o número de crianças que vão ser recebidas este ano.

A fundação chegou a acolher mil crianças entre os 6 e os 12 anos de todo o país para a colónia de férias, mas o número foi sendo reduzido e, em 2011, já só levaram à praia cerca de 200.

Criada em 1927 pelo jornal “O Século”, a Colónia Balnear Infantil, como era inicialmente chamada, proporcionou férias de verão a milhares de crianças portuguesas, muitas das quais nunca tinham sequer ido à praia.

Em 1943 a Colónia já tinha proporcionado férias a 31.123 crianças e o financiamento estava a tornar-se difícil, pelo que o seu administrador decidiu criar um financiador empresarial para a obra e pediu autorização para instalar em Lisboa uma feira internacional de amostras: nascia assim a Feira Popular, que passou a financiar as férias das crianças carenciadas.

A Fundação "O Século" foi criada em 1998 para prosseguir e desenvolver a obra social da Colónia Balnear Infantil.

Além da colónia de férias e do acolhimento de crianças em risco, a Fundação tem outras valências, como uma creche, um pré-escolar, um ATL e assistência domiciliária a idosos.

 

Lusa