Fumar durante a gravidez parece ser um fator de risco pré-natal associado a problemas de comportamento em crianças, de acordo com um estudo publicado hoje na revista JAMA Psychiatry.

 

Transtornos comportamentais representam uma questão de interesse social e clínico, com destaque nas taxas cada vez mais elevadas de conduta desviante infantil a nível global.

 

O tabagismo durante a gravidez é conhecido por ser um fator de risco para problemas psicológicos da descendência, incluindo défice de atenção e problemas comportamentais, afirmam os autores na contextualização do estudo agora publicado.

 

Gordon Harold e Darya Gaysina, ambos da Universidade de Leicester, no Reino Unido, examinaram a relação entre o tabagismo durante a gravidez e problemas comportamentais em crianças criadas pelas mães biológicas e em crianças criadas por mães não biológicas.

 

Os investigadores recorreram a três outros estudos: o Estudo para a Saúde e Desenvolvimento de Christchurch (um estudo longitudinal de coorte que inclui filhos biológicos e adotados), o Estudo de Crescimento Inicial e Desenvolvimento (um estudo longitudinal sobre a adoção no momento do nascimento) e o Estudo de Fertilização In Vitro de Cardiff (um estudo de adoção na conceção entre famílias geneticamente relacionadas e famílias não geneticamente relacionadas). O tabagismo materno durante a gravidez foi medido como o número médio de cigarros fumados por dia durante a gravidez.

 

De acordo com os resultados do estudo, foi observada uma associação significativa entre o tabagismo durante a gravidez e filhos com problemas comportamentais entre as crianças criadas por mães geneticamente relacionadas e mães não geneticamente relacionadas. Os resultados de uma meta-análise confirmaram este padrão de resultados entre as amostras agrupadas do estudo.

 

«Os nossos resultados sugerem uma associação entre o tabagismo na gravidez e problemas de conduta da criança que é improvável de serem totalmente explicados por fatores ambientais pós-natais (ou seja, as práticas parentais), mesmo quando a correlação pré-natal passiva genótipo-ambiente foi removida.»

 

Os autores concluem que «A explicação causal para a associação entre o tabagismo na gravidez e problemas de conduta dos descendentes não é conhecida, mas pode incluir fatores genéticos e outros perigos ambientais pré-natais, incluindo o ato de fumar.»

 

 

Maria João Pratt