Liz Plachta e Tim Plachta conheceram-se em San Diego, na Califórnia, nos EUA. Mas é em Austin, no Texas, que vivem há 11 anos. Têm duas filhas. A mais velha, Ella Mae, tem oito anos. Ruby, a mais nova, com seis, nasceu com síndrome de Down. «Soube logo que Ruby vinha agitar o nosso mundo e mudar a nossa vida para melhor», desabafa hoje Liz Plachta, que se apercebeu desde cedo que a filha tinha uma personalidade forte e uma grande determinação.

E foram estas características inatas que a levaram a querer mostrar ao mundo o quão fantástica e capaz pode ser uma criança com trissomia 21. Quando Ruby tinha apenas seis meses, Liz Plachta partilhou com o marido a vontade de ajudar alguém com o mesmo problema a chegar à universidade e a garantir o seu futuro. «Lembro-me de olhar para ela e perguntar-lhe se as pessoas com síndrome de Down podiam mesmo ir para a faculdade», disse Tim Plachta.

Depois de fazer alguma pesquisa, a mulher descobriu que algumas dessas crianças tinham capacidade de seguir estudos superiores e de garantir a sua independência. E, focada neste objetivo, criou a Ruby's Rainbow, uma organização sem fins lucrativos que ajuda jovens portadores de síndrome de Down a prosseguir com a sua vida académica, comparticipando a sua frequência no ensino superior.

O apelo que a família faz

O objetivo inicial de Liz Plachta seria angariar dinheiro suficiente para uma bolsa de estudo de cerca de 2.000 dólares, pouco mais de 1.850 euros. No entanto, só no primeiro ano conseguiu o feito de angariar o suficiente para 11 bolsas de estudos. Nove anos depois, Ruby's Rainbow garante 300.000 dólares, perto de 278.000 euros, a mais de 100 pessoas portadoras de síndrome de Down em todo o país.

Com o Dia Mundial do Síndrome de Down a celebrar-se anualmente a 21 de março, a família Plachta decidiu aproveitar a data para apelar a que cada pessoa fizesse uma doação de 21 dólares, menos de 20 euros. Pedem, ainda, que cada doador se comprometa a partilhar esta campanha com três amigos. Com a iniciativa esperam conseguir 100,000 dólares, cerca de 92.500 euros, em bolsas de estudo.

«É importante que esperemos deles, desde cedo, um certo nível de independência. Isto que estamos a fazer hoje vai ajudá-los no futuro», afirma Tim Plachta. «Temos bolseiros que conduzem, que têm trabalhos a tempo inteiro, que têm os seus próprios apartamentos e que pagam as suas próprias contas», acrescenta ainda. Segundo estatísticas internacionais, uma em cada mil crianças nasce com síndrome de Down.

Filha com síndrome de Down leva casal a criar instituição de apoio

Texto: Eva Falcão