Lurdes Martins, encarregada de educação de uma aluna que estava matriculada no 12ºano, na cooperativa Ancorensis, "não estava à espera" do encerramento e das "mudanças" das últimas semanas no percurso escolar da filha.

O anúncio do fim do contrato de associação que o Ministério da Educação tinha com a cooperativa, fundada em 1988, deixou-a alerta e, durante as férias escolares, procurou manter-se a par de eventuais alterações no que inicialmente tinha sido comunicado aos pais, a continuidade no ano letivo 2016/2017.

O encerramento decidido a 29 de agosto "deixou Lurdes "sem saber o que fazer".

"Foi um choque muito grande", disse, condenando a forma como a notícia chegou aos pais, "num simples comunicado", através do endereço eletrónico, "convidados" a consultar a página da escola na internet.

Entretanto matriculada na escola secundária de Caminha, ainda aguardar confirmação de vaga, a filha de Lurdes "está apreensiva" e a mãe "preocupada" com um arranque de ano letivo "muito complicado", e numa altura "decisiva" para o futuro académico da menor.

"Estava inserida numa turma, desde o 10ºano, com os mesmos alunos e os mesmos professores. Indo para outra escola, não conhece ninguém", desabafou preocupada.

A incerteza instalou-se, também, entre os 40 professores e 27 trabalhadores não docentes. Rosa Silva era funcionária do colégio há 18 anos e soube do despedimento, tal como os colegas, "através das redes sociais".

"Não houve, minimamente, respeito nem consideração", defendeu.

A também coordenadora do CESP-Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal antevê um futuro "muito complicado" para todos, com "promessas de que alguns" poderão encontrar trabalho na rede pública onde foram acolhidos os alunos do colégio.

A "falta de dinheiro" para as indemnizações, invocada pela cooperativa que se escusou a prestar declarações à agência Lusa, vai sustentar o "pedido de insolvência" a interpor pela União de Sindicatos de Viana do Castelo (USVC).

A luta vai para as ruas com uma ação de protesto, está marcada para dia 13, às 09:30, junto ao colégio para denunciar um despedimento coletivo decidido "de um dia para o outro"-

A coordenadora da USVC, Ludovina Sousa, lembrou a reunião mantida em julho com a direção da cooperativa e "a garantia que o ano letivo iria iniciar-se com 11 turmas" apesar de "cortes" no número de trabalhadores.

"De um momento para o outro fomos surpreendidos com um comunicado via Facebook do despedimento e encerramento total da escola sem que tenha sido dada uma palavra sequer aos trabalhadores", sustentou a sindicalista.

O presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves transmitiu "tranquilidade" a pais e alunos e garantiu "respostas à altura" aos trabalhadores.

Após o "sobressalto" causado pelo fecho do colégio "mobilizaram-se todas as energias" na resolução dos "problemas" e para que, no dia 15, o ano letivo arranque com "normalidade".

Dos cerca de 250 alunos matriculados colégio que fechou, 180 pediram transferência para a rede pública do concelho. As turmas "estão constituídas e quase aprovadas" pelo Ministério da Educação.

O reforço dos recursos humanos, professores e funcionários, está a ser avaliado "para dar resposta" ao aumento do número de alunos no agrupamento Sidónio Pais.

"Neste momento, apontamos o dia 15, último dia do prazo, para o arranque das aulas, em simultâneo, para todas as turmas e para todos os agrupamentos", frisou.