Os asmáticos apresentam mais micropartículas celulares do que os não asmáticos, o que permite uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes a esta doença respiratória, revela um estudo realizado pelos investigadores da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP).

 

«Neste estudo fomos pesquisar as micropartículas presentes no sangue de doentes asmáticos e verificámos um aumento de um tipo específico destas micropartículas (micropartículas plaquetárias, ou que se originam a partir de plaquetas). A grande inovação é que esta é a primeira vez que as micropartículas são exploradas na asma», explicou à agência Lusa o responsável pelo estudo, Delfim Duarte.

 

O investigador referiu, no entanto, que o estudo é preliminar, não tem atualmente aplicação clínica e deverá no futuro incluir mais doentes, mas «dá algumas pistas sobre um possível mecanismo na asma».

 

«Não se pode, neste momento, falar em novo tratamento ou marcador para os doentes asmáticos, mas o objetivo será realizar mais experiências e estudos que analisem as micropartículas, por exemplo, em doentes com asma de difícil controlo», disse.

 

O investigador principal, Delfim Duarte, afirmou que para além da presença de micropartículas, a equipa aferiu ainda «os níveis de inflamação e angiogénese (formação de novos vasos sanguíneos a partir dos existentes) apresentados pelos indivíduos em estudo».

 

Os resultados revelaram que «os doentes asmáticos apresentam níveis elevados de micropartículas provenientes de plaquetas e de micropartículas endoteliais apoptóticas, embora a concentração das últimas fosse menor», referiu.

 

De acordo com o investigador, estas observações sugerem que «as micropartículas das plaquetas poderão participar na fisiopatologia da inflamação das vias aéreas que caracteriza a asma e abrem portas à criação de novos biomarcadores».

 

As micropartículas são fragmentos das membranas de células, como células endoteliais, plaquetas ou leucócitos que, devido a diversos mecanismos, se vão acumulando no organismo.

 

A sua presença em número elevado pode indicar a presença de determinadas doenças, como cancro, diabetes, artrite reumatoide, entre outras. No entanto, a relação entre as micropartículas e a asma ainda não estava estudada.

 

Neste estudo, os investigadores dos Departamentos de Bioquímica e Imunologia da FMUP avaliaram os níveis de micropartículas na asma, realizando testes clínicos e laboratoriais num grupo de 20 pacientes asmáticos e 15 não asmáticos.

 

 

Maria João Pratt, com Lusa