"Os riscos para a saúde dos adolescentes estão condicionados por comportamentos enraízados em papéis de género que podem estar bem estabelecidos nas crianças quando elas têm apenas 10 ou 11 anos de idade", comentou Kristin Mmari, autora principal do estudo realizado pelo Global Early Adolescent Study.

A investigação resulta de uma parceria entre a Organização Mundial da Saúde e a Universidade Johns Hopkins.

O estudo entrevistou 450 pré-adolescentes na Bolívia, Bélgica, Burkina Faso, China, Equador, Egito, Índia, Quénia, Malawi, Nigéria, Escócia, África do Sul, Estados Unidos e Vietname.

Segundo os investigadores, os estereótipos de género que enfatizam a passividade das mulheres podem fomentar o abuso, deixando "as meninas em maior risco de abandono escolar, violência física e sexual, casamento infantil, gravidez precoce e VIH/Sida", aponta o estudo.

Os meninos, por outro lado, são encorajados a passar mais tempo fora de casa, sem supervisão, para explorar o mundo.

"Em Nova Deli, as meninas falam dos seus corpos como um grande risco que tem de ser tapado, enquanto em Baltimore dizem-nos que os seus corpos são o seu maior ativo e que têm de parecer atraentes - mas não atraentes demais", indicou Mmari.

Os meninos também sofrem com estereótipos, que enfatizam a sua força física e independência, o que pode torná-los mais suscetíveis à violência, à dependência de substâncias e ao homicídio.

Embora haja uma aceitação crescente das meninas que se querem vestir ou agir como meninos - particularmente na Bélgica, China, Índia e Estados Unidos - existe uma "tolerância quase nula para os meninos" que rejeitam os papéis de género típicos, indica ainda o estudo. "Os meninos que desafiam as normas de género pelas suas roupas ou comportamentos foram considerados por muitos entrevistados socialmente inferiores", e com frequência sofreram bullying.

"Descobrimos que as crianças em uma idade muito precoce - desde as sociedades mais conservadoras até as mais liberais -, rapidamente internalizam este mito de que as meninas são vulneráveis e os meninos são fortes e independentes", disse Robert Blum, diretor do Global Early Adolescent Study.