A escola será inaugurada oficialmente, segunda-feira, pelo primeiro-ministro António Costa, no âmbito da sua deslocação a Cabo Verde para a quarta cimeira bilateral entre os dois países.

O projeto, um sonho de décadas da comunidade portuguesa, arrancou em julho e as aulas começaram a 14 de novembro com o edifício praticamente na estrutura, sem água e sem eletricidade.

Passados três meses, o barulho das serras e berbequins ainda se confunde, pontualmente, com os risos e as correrias das crianças, mas o edifício está irreconhecível com as oito salas de aulas e de informática, a biblioteca e o refeitório completamente funcionais.

Com vista para o mar, o recreio, onde recentemente foi instalado um parque infantil, tornou-se na zona preferida dos 29 alunos que frequentam a escola, número que já aumentou desde o início das aulas quando eram apenas 23, distribuídos por três turmas: uma mista (1.º e 2.º anos) do 1.º ciclo e duas de pré-escolar.

Em declarações à agência Lusa, a diretora da escola, Suzana Maximiano, mostrou-se "muito satisfeita com os resultados", dando conta do interesse crescente que o novo estabelecimento de ensino tem vindo a suscitar junto de pais e alunos.

Situado na zona da Cidadela, na cidade da Praia, o edifício, construído num terreno cedido pela autarquia, faz parte da primeira fase do projeto global da escola, que quando estiver concluída assegurará o ensino curricular português até ao 12º ano de escolaridade.

"As expectativas são de crescimento porque tem vindo muita gente visitar a escola, perguntar as condições, saber que anos vamos abrir e pedir para reservarmos vaga", disse Suzana Maximiano.

A responsável explicou que não é política da escola fazer reserva de vagas e adiantou que só em abril, altura em que serão abertas as inscrições provisórias, será possível prever quantas turmas serão abertas no próximo ano letivo.

"Temos que ver quantas pessoas se inscrevem e se temos oferta suficiente para todos. Caso assim não seja, temos que arranjar critérios de seleção", adiantou.

Apesar de ser uma reivindicação antiga dos portugueses em Cabo Verde, neste primeiro ano letivo, a maioria dos alunos são cabo-verdianos.

"É com satisfação que digo que foram os cabo-verdianos que mais acreditaram que este projeto ia para a frente em tão pouco tempo e que conseguíamos abrir a escola ainda durante este ano letivo. Talvez nós, os portugueses, sejamos um pouco mais céticos e não acreditássemos", considerou a diretora.

Suzana Maximiano, a maior entusiasta do projeto, acredita que o facto de as pessoas pensarem que "era impossível construir uma escola desta envergadura em três meses" e de os alunos já estarem integrados em outras escolas levou a que muitos pais decidissem não inscrever os filhos.

"Não foi tarefa fácil, mas foi conseguido com equipas muito boas [...] e com muitas ajudas das entidades cabo-verdianas. Tudo que era preciso do Governo, da câmara foi sempre agilizado da melhor forma e conseguimos este feito que aqui temos em tempo recorde", disse.

Com a primeira fase praticamente concluída, está prevista e orçamentada ainda para este ano a construção de mais um módulo, correspondente à segunda fase, segundo disse em dezembro, durante uma visita à escola, a secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão.

A estrutura arquitetónica ainda está em estudo, mas a responsável explicou, na altura, que a ideia é que se "possa evoluir para o 2.º e 3.º ciclos e daqui a uns anos para o secundário".

Considerando que o atual edifício tem já condições para albergar o 2.º ciclo, Alexandra Leitão não deu, contudo, garantias de que isso possa acontecer já no próximo ano letivo.

Assegurada está, segundo a secretária de Estado, a progressão das crianças que já frequentam a escola.

A escola funciona com programas curriculares e professores portugueses deslocados para Cabo Verde ao abrigo da mobilidade estatutária.

Devido ao início das aulas já depois do arranque do ano escolar em Portugal e em Cabo Verde, este ano o calendário de aulas deverá prolongar-se até finais de junho.

Aberta a alunos portugueses, cabo-verdianos e de outras nacionalidades, o valor da inscrição é de sete mil escudos (cerca de 65 euros), o mesmo da propina mensal paga durante 10 meses.