“Temos uma heterogeneidade muito rica. Temos alunos surdos, temos várias unidades de multideficiência, autismo, crianças que vêm de meios sociais muito desprotegidos e crianças de meios muito confortáveis”, explicou a diretora da escola, Isabel Gomes.

É precisamente por causa desta diversidade, destacou a responsável, que se trata de “uma escola muito rica” e com a qual “todos” ficam “a ganhar, incluindo as crianças” que ali estudam, em turmas inclusivas.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, visitou esta escola alentejana para assinalar o arranque do segundo período do ano letivo e, ao mesmo tempo, para mostrar a importância da inclusão no sistema educativo.

“É uma escola singular, no sentido em que tem um projeto pedagógico altamente inclusivo”, destacou o ministro, dando como exemplo o apoio suplementar que é fornecido nas aulas aos alunos surdos, com intérpretes de Língua Gestual Portuguesa, lado a lado com os professores, desde o pré-escolar ao 3.º ciclo.

Na visita, o governante participou em atividades que fazem parte da rotina diária da escola, como a “Hora do Conto”, em que a história vai sendo contada pela professora e por uma intérprete de Língua Gestual Portuguesa, ou uma aula de Matemática para alunos surdos, também com Língua Gestual Portuguesa.

Todos os alunos, independentemente das suas necessidades, congratulou-se Tiago Brandão Rodrigues, “estão altamente integrados na escola em todas as atividades” e “incluídos no projeto educativo e pedagógico de forma absolutamente irrepreensível”.

As respostas educativas da escola, explicou a diretora, estão “adequadas às necessidades e ao perfil dos alunos” e todos eles, independentemente dessas mesmas necessidades, “são muito especiais”.

“Esta inclusão de todos estes miúdos é uma visão natural da vida, em que a própria vida é constituída por diferenças que todos temos de compreender para podermos aceitar e para podermos conviver de forma natural. É um estado de consciência”, argumentou Isabel Gomes.

Na aula de Matemática, Diogo, aluno do 9.º ano com surdez, afiançou ao ministro que, com o apoio nas aulas da intérprete de Língua Gestual Portuguesa, “é muito mais fácil aprender”.

“E também, às vezes, estamos com a turma em Educação Visual ou em Educação Física, mas temos a intérprete a acompanhar-nos”, o que “é uma grande ajuda”, senão “era muito complicado, não percebíamos, perdíamos tempo”, sublinhou, frisando estar a gostar “muito” da escola.

Também Fátima Bonzinho, coordenadora da biblioteca escolar, referiu que dá aulas a uma turma, na qual estão “perfeitamente integrados uma menina com trissomia 21 e um menino com síndrome de Asperger, que fazem as atividades que os outros fazem, dentro das suas capacidades”.

Com esta integração, realçou, os alunos “aprendem a respeitar-se uns aos outros” e os docentes estão tão habituados ao projeto pedagógico da escola, que já nem conseguem “trabalhar de outra forma”.

Os alunos com necessidades educativas especiais ou com deficiência sentem, assim, que “fazem parte de uma comunidade educativa” e, ao mesmo tempo, os seus colegas “aprendem a aceitar e a conviver com a diferença”, o que é “fundamental”, congratulou-se a vice-presidente da Câmara de Évora, Élia Mira.