Ana Margarida é a enfermeira “Anita” há 29 anos e é uma das profissionais da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) do Centro de Saúde n.º1 de Vila Real que praticamente todos os dias se desloca a casa de mães que pedem ajuda sobre os filhos recém-nascidos.

O seu telemóvel está também “sempre ligado” porque, segundo afirmou aos jornalistas, as “dúvidas surgem a qualquer momento” e é nas primeiras semanas após o nascimento dos bebés que as mulheres mais precisam de apoio.

Numa das visitas domiciliárias na cidade de Vila Real, a equipa de enfermagem vai a casa de Susana Fundo, 39 anos e mãe de um menino de cerca de quatro semanas.

Logo à entrada, Anita avisa para o “calor excessivo” que se sente na sala e aconselha a recém-mamã a não dar tanto leite ao bebé.

“Está a ser um período de adaptação, é um pouco difícil porque queremos dormir, mas ele quer mamar. É um bebé muito grande, tenho estado sempre a dar a mama, mas parece que vou ter que parar porque ele tem engordado bastante”, salientou Susana Fundo.

A equipa da UCC acompanha as mulheres durante o período de gravidez e até aos primeiros meses de vida das crianças.

Nas aulas antes do parto faz-se a preparação e dão-se conselhos, principalmente sobre a amamentação e a forma de transportar os bebés nas cadeirinhas.

“Mesmo assim precisamos de lhe ligar de vez em quando porque é complicado. Vão surgindo muitas dúvidas. É um apoio que temos e sempre nos vai dando orientações para fazermos as coisas”, referiu Susana Fundo.

Nesta altura de incertezas e dúvidas, a enfermeira Anita diz que as principais preocupações das mães estão relacionadas com a alimentação dos bebés, se eles estão a engordar ou se a roupa que lhes vestem é suficiente.

“Notamos aqui um erro que é muito comum e que é quando os bebés choram dar de mamar. Normalmente nesta fase qualquer choro do bebé atribui-se logo à fome, quando às vezes são cólicas ou só é preciso um aconchego”, referiu a profissional.

Estas visitas a casa podem acontecer à hora que for preciso, mesmo à noite ou fins de semana.

Por isso mesmo, a Ordem dos Enfermeiros do Norte fez questão de dar a conhecer e divulgar este serviço que considera “ser um bom exemplo no país”.

“Estando a prestar estes cuidados no domicílio evitamos deslocações ao centro de saúde ou às urgências dos hospitais, com as complicações que possam vir acrescidas disso”, salientou Jorge Cadete, presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros.

O responsável salientou que a aposta na enfermagem ao domicílio “traz ganhos”, para os utentes que assim não têm que sair de casa.

A Ordem quer que este tipo de serviço “se pulverize” por todo o país e espera que “haja coragem e força política” para que o processo avance.

“Apesar de eu temer que, nestes períodos de algumas dificuldades, estas unidades de cuidados na comunidade, nesta organização e reconfiguração dos cuidados de saúde primários seja pouco valorizada”, salientou Jorge Cadete.