O objetivo é despertar a consciência dos estudantes do ensino básico e secundário para estas áreas, para que “percebam que é uma aposta de futuro e não um bicho-de-sete-cabeças que muitas vezes é criado desde pequeninos”, afirmou a vice-presidente da Câmara do Porto, Guilhermina Rego.

“A ideia é que [a partir de hoje] haja reuniões de trabalho, operacionalizadas entre empresas e agrupamentos de escolas, com o município como mediador, para conhecer a realidade” de cada estabelecimento de ensino, sendo depois criado um programa específico para cada um, adaptado à sua realidade, de forma a “incentivar os jovens a desenvolver estas áreas”, disse Guilhermina Rego.

O protocolo foi subscrito pela Direção Geral da Educação, a Câmara do Porto, a Sonae, a Cerealis, a Unicer, os agrupamentos de escolas Rodrigues de Freitas, Clara de Resende e do Cerco, a Porto Business School, a PWC e EDULOC – ‘Think Talk’ da Fundação Belmiro de Azevedo.

No seu discurso, a vice-presidente da autarquia frisou que “o desenvolvimento das competências CTEM é uma prioridade da agenda educativa da União Europeia (UE) e um desígnio nacional”, sendo estas “universalmente reconhecidas como fundamentais numa economia que se pretende competitiva, bem como na resposta aos desafios futuros”.

“A Europa tem de investir num mercado de trabalho que satisfaça as exigências da inovação para o crescimento da atual economia no conhecimento. De 2003 a 2013, o número de pessoas que trabalha em profissões CTEM cresceu 12%, as profissões CTEM representam 7% do mercado de trabalho e a procura continua a aumentar, estando quantificada pela UE a necessidade de mais de meio milhão de investigadores nos próximos anos”, sustentou, lembrando, contudo, que se observa “uma redução na procura dos percursos escolares em ciência e tecnologia” e que Portugal “não escapa a este fenómeno”.

Agir para atenuar a emigração

Para a vice-presidente, “está na hora de agir para atenuar” a emigração de jovens talentos, “fenómeno que coloca em risco a transição [do país] para uma economia de conhecimento, competitiva e dinâmica”.

Presente na cerimónia, que decorreu nos Paços do Concelho, o secretário de Estado da Educação, João Costa, enalteceu a iniciativa “daqueles que não têm medo de trabalhar em conjunto” em prol dos alunos, contrariando assim “um debate aceso e estéril” sobre relações entre autarquias/escolas, em que “os adultos se andam a digladiar sobre quem tem competência para quê e autoridade sobre o quê”, esquecendo-se que “no centro disto tudo estão alunos”.

“E enquanto estamos a discutir, eles afundam”, vincou, acrescentando que “este desafio é também para o tecido empresarial”, uma vez que “a fuga de cérebros decorre também da fraca capacidade que os empresários têm de absorver conhecimento científico e tecnológico”.

O governante afirmou que projetos como este “potenciam o desenvolvimento de um trabalho fundamental para o crescimento dos alunos nas áreas de competências que precisam”.

“Não sabemos o que nos espera em termos de novas oportunidades profissionais para os alunos que hoje estão no sistema educativo (…), mas sabemos que quanto mais os apetrecharmos de competências nestas áreas, mais os tornaremos capazes de responder a desafios no período de incerteza em que vivemos”, disse.

O secretário de Estado disse ainda desejar que “muitos projetos deste tipo possam acontecer em diferentes locais” e em diversas áreas, como a artística, por exemplo, sendo que o Ministério da Educação “está a permitir” que tal aconteça ao “dar mais autonomia e flexibilidade às escolas”.