Um estudo apresentado pela Valorsul concluiu que "a distância do ecoponto é um fator-chave para os indivíduos que não separam começarem a separar" e este fator juntamente com as recolhas porta-a-porta "parecem ser incentivos bem maiores do que punições ou prémios".

Por outro lado, os separadores afirmam demorar metade do tempo no percurso a pé entre a sua casa e o ecoponto quando comparados com a distância referida pelos portugueses que não separam os resíduos, acrescenta a entidade responsável pelo tratamento e valorização de resíduos urbanos de 19 municípios da zona de Lisboa e região Oeste.

Apenas 10% dos plásticos são separados

Atualmente, estão a ser separadas apenas 43% das embalagens de vidro, 21% do papel e cartão e 10% das embalagens de plástico, metal e pacotes de bebida, segundo dados da Valorsul.

Em 2014, na área da Valorsul, foram enviados para reciclar 40 quilogramas de resíduos por habitante e as metas da União Europeia apontam para um objetivo para a região de 49 quilogramas por habitante em 2020.

O estudo de mercado sobre os hábitos de separação de embalagens foi apresentado pela Valorsul e pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa, com o apoio da Sociedade Ponto Verde, e abrangeu 2.400 inquiridos daqueles concelhos.

O objetivo do trabalho era encontrar soluções para conseguir aumentar a quantidade e qualidade dos resíduos separados para reciclar, conhecer o nível de satisfação dos consumidores e os aspetos a melhorar nos serviços de recolha seletiva prestados por aqueles municípios e pela Valorsul.

Segundo as conclusões do estudo, a distância do ecoponto também é determinante para quem já separa o lixo (embora ainda pouco) passar a separar mais quantidades.

"Quem afirma separar 'quase nenhum' papel ou cartão e plástico ou metal está duas vezes mais longe do ecoponto do que quem diz que separa 'quase todo' esse material", refere o estudo.

A Valorsul aponta ainda que a percentagem de separação de latas de conserva e outras embalagens metálicas é muito baixa quando comparada com outros materiais porque muitas famílias ainda não sabem que as latas são totalmente recicláveis e que devem ser colocadas no contentor amarelo.

Como em outras áreas, o que os inquiridos dizem fazer nem sempre se comprova e, se neste estudo a grande maioria dos inquiridos afirma já ter hábitos de separação das embalagens, "a verdade é que os dados de receção, nos dois centros de triagem da Valorsul, evidenciam outra realidade, porque as pessoas não separam tudo, não separam sempre nem separam em todo o lado", salienta a entidade.

A Valorsul valoriza mais de um quinto de todo o lixo doméstico produzido em Portugal e serve 1,6 milhões de habitantes.