No exterior do Planetário do Porto estavam, pelo menos, sete telescópios disponíveis para os muitos curiosos, de todas as idades, que esta manhã se deslocaram de propósito ao local para assistir ao eclipse solar, que pelas 09:04 atingiu o seu pico, com a lua a tapar o sol em cerca de 72%.

“Já estou a ver o sol com uma trinca”, dizia Maria ao colo da mãe, pelas 08:15, enquanto espreitava por um telescópio que mostrava a imagem do sol a verde, devido a filtros.

Justina, de 66 anos e reformada, andou durante as duas horas em que o eclipse parcial foi visível de um lado para o outro, de telescópio em telescópio, para não perder o fenómeno.

“Fui professora de geologia e sempre me interessei por estes fenómenos. Mas isto é sempre uma novidade, de momento a momento é uma novidade”, destacou à Lusa Justina, que, além dos “óculos de eclipse” que o Planetário distribuiu aos curiosos no local, tinha também na mão o seu telemóvel para registar fotograficamente o momento.

E além de olharem para o sol com óculos, filtros especiais ou através dos telescópios, muitos foram aqueles que quiseram registar o momento com o seu telemóvel, criando mesmo uma fila junto a uma câmara de um canal de televisão que estava no local apontada para o eclipse, para fotografar o seu visor, no qual aparecia “o sol trincado”.

Para Filipe Baio, professor de Educação Moral e Religiosa de 38 anos, fotografar o visor da câmara de televisão foi “mais fácil para apanhar o eclipse, porque não foi preciso um filtro”.

“Não tenho óculos mas já me emprestaram. Também já vi pelo telescópio, mas a melhor forma é espreitar aqui” no visor da câmara de televisão, afirmou Luís, de sete anos, que, apesar de tudo, estava um pouco dececionado com o cenário vivenciado esta manhã, porque “achava que ia ficar noite”.

Ricardo Reis, astrofísico do Planetário do Porto, não tem dúvidas de que esta foi “a primeira vez” que assistiu a um “tão grande registo de imagens do eclipse”.

Questionado a comentar como será feita a observação do eclipse solar em agosto de 2026, ano em que vai ser visível em Portugal a lua esconder o sol em “mais de 90%”, Ricardo Reis respondeu que essa é “uma resposta que os astrónomos andam à espera há 400 anos”, desde que Galileu Galilei apontou uma luneta para o céu e descobriu as manchas solares, o relevo lunar e as luas de Júpiter.

“Aguardamos que alguém invente um telescópio que nos permita ver através das nuvens”, concluiu Ricardo Reis.

E enquanto fora do Planetário as pessoas assistiam ao vivo ao eclipse, lá dentro estava a ser exibida uma simulação do mesmo, com a possibilidade de se “levantar voo da cidade a sair da Terra, observando-o como se se estivesse num satélite ou enquanto astronauta, em que se vê o planeta a rodar o sol”.