Investigadores norte-americanos encontraram uma associação entre o tamanho de uma estrutura cerebral que liga duas áreas envolvidas no processamento da linguagem e uma fraca capacidade de leitura. O estudo publicado na revista Journal of Neuroscience poderá ajudar no diagnóstico precoce da dislexia.

 

Estudos anteriores já tinham revelado que os adultos com fraca capacidade de leitura tinham esta estrutura, conhecida por fascículo arqueado, mais pequena e menos organizada, comparativamente com os indivíduos com capacidades de leitura normais. De acordo com os investigadores, esta estrutura liga duas áreas da comunicação: a área de Broca, envolvida da produção do discurso, e a área de Wernicke, envolvida na linguagem escrita e oral. Contudo, até à data não se sabia se estas alterações no fascículo arqueado eram a causa das dificuldades de leitura ou o resultado de uma baixa experiência na leitura.

 

Neste estudo os investigadores do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos da América, contaram com a participação de mil crianças, tendo analisado no início do jardim-de-infância as suas capacidade de pré-leitura. Quarenta destas crianças foram submetidas a uma ressonância magnética.

 

Após terem comparado os resultados destes exames com os testes de pré-leitura, os investigadores constataram que havia uma associação entre o tamanho e a organização do fascículo arqueado e os resultados dos testes de consciência fonológica.

 

Os investigadores, liderados por Elizabeth Norton, explicam que a consciência fonológica refere-se à capacidade de identificar e empregar uma variedade de sons associados à linguagem. Esta capacidade pode ser medida através da observação de como as crianças identificam e rearranjam os sons para os transformar em palavras.

 

Os autores do estudo referem que, uma vez que o fascículo arqueado liga a área de Broca à área de Wernicke, uma estrutura maior e mais organizada poderia ajudar as duas áreas a comunicarem melhor. A produção do discurso e capacidade de compreender as linguagens escrita e oral poderia ocorrer de forma mais eficaz.

 

«Ainda não sabemos como isto se desenvolve ao longo do tempo e essa é a grande questão: será que podemos, através de uma combinação de medidas comportamentais e do cérebro, adquirir mais certezas em relação à deteção de crianças que irão tornar-se disléxicas, na esperança de que isso possa motivar a realização de intervenções agressivas que ajudem essas crianças desde o início, em vez de esperar que elas falhem?», referiu John Gabrieli, um outro autor do estudo.

 

Os investigadores concluem que, para algumas crianças disléxicas, um treino precoce das suas capacidades fonológicas pode ajudar, mais tarde, as suas capacidades de leitura.