A administradora da ação social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa apontou o isolamento como o principal problema de quem é idoso e vive na capital, defendendo a interação entre gerações como solução.

 

Em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Internacional do Idoso, que se assinala a 01 de outubro, Rita Valadas afirmou que o principal problema de quem é idoso e vive na cidade de Lisboa é o isolamento e, consequentemente, a solidão.

 

Segundo a responsável pela ação social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a capital do país tem uma percentagem muito elevada de pessoas com mais de 65 anos, o que faz dela a cidade mais idosa da Europa.

 

Para Rita Valadas, “há um alheamento da cidade em relação às pessoas e um alheamento das pessoas em relação às suas necessidades”, o que faz com que muitas pessoas idosas se isolem de forma inconsciente e se afastem dos serviços disponíveis.

 

“Os idosos não têm de viver como se vivessem num asilo alargado, onde só se encontram com pessoas idosas porque isso também não é natural na vivência ao longo da vida e cabe aos jovens perceber que há problemas que eles não sabem resolver e que os idosos podem ajudar”, defendeu.

 

Na opinião da responsável da SCML, a “cidade está cada vez mais isolada dessas realidades” e deixando os idosos isolados em casa, algo que seria “impossível” acontecer numa aldeia.

 

“No espaço rural, isto dificilmente aconteceria porque nas zonas rurais eles mantêm o paradigma das famílias que ainda estão juntas, paradigma que as cidades já abandonaram”, explicou.

 

Nesse sentido, defendeu que a solução pode e deve passar pela interação entre as gerações mais velhas e as mais novas, onde possa haver uma troca de competências que ajude a estimular os mais idosos, potenciando o que deveria ser uma convivência natural.

 

Lembrou, a propósito, o programa Intergerações, desenvolvido pela SCML em 2012 e que serviu para fazer um levantamento dos idosos isolados na cidade.

 

Na altura foram feitos mais de 34 mil contactos que resultaram numa base de dados final de 22.679 inquiridos, caraterizada por dois terços de mulheres residentes, na sua maioria (86%), em andares.

 

Mais de 60% tinha mais de 75 anos de idade, 80% tinha filhos, mas a maioria (66%) vivia na companhia de outra pessoa idosa.

 

Ainda assim, Rita Valadas notou que a evolução que tem ocorrido nos últimos anos relativamente à forma de estar dos mais idosos levou a que se passasse de uma fase em que se falava muito na capacitação dos idosos, para outra onde eles têm plena consciência dos seus direitos, apesar de às vezes não terem “força para lutar por eles”.

 

Dados relativos à ação social da SCML mostram que, no primeiro semestre de 2014, foram apoiadas 6.690 idosos e houve outras 27.689 que usufruíram do atendimento social.

Por Lusa
 

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